Apesar de ainda não ter tido acesso ao inquérito policial, Rafael Faria, advogado principal dos integrantes da Torcida Jovem Fla, suspeitos da morte do torcedor botafoguense Diego da Silva Santos, acredita que as provas recolhidas até o momento são frágeis para o indiciamento por homicídio qualificado.
? Já disse aos familiares dos acusados que a prova é frágil. Nesses casos de brigas de torcida, é comum juntar as pessoas identificadas e denunciar todos pelo mesmo tipo penal. Porém, é um crime muito grave, que, provavelmente, só uma pessoa cometeu. Não dá para denunciar mais de 10 pessoas. As peças recolhidas nas casas, como a camisa, não significam nada por si só para caracterizar um crime de homicídio. Para isso, serão necessárias análises periciais, provas de imagens ? disse o advogado, que também representou os corintianos envolvidos na briga com policiais militares e torcedores do Flamengo dentro do Maracanã, em outubro do ano passado. ? Naquele caso, eram lesões corporais, caso mais brando. Mesmo assim, o judiciário demora a reconhecer a individualização da conduta, mas depois tem de soltar todo mundo.
Na quinta-feira, os advogados tiveram o primeiro contato com os presos, mas não conseguiram todas as informações do caso com a polícia. Nesta sexta-feira, após estudar o processo, Faria dará início à estratégia de defevsa. Ele não pretende pedir liberdade num primeiro momento. No caso de homicídio, a prisão temporária é de 30 dias, prorrogável por mais 30.
? Já há uma decisão judicial da prisão temporária, que é feita para investigar os suspeitos. Não devemos obter sucesso na primeira instância, mas acredito que nas instâncias superiores consigo um habeas corpus ? explicou Faria, que também vai refutar o indiciamento por organização criminosa. ? Não se consegue caracterizar como organização criminosa por causa da estrutura da torcida organizada. A lei trata de um grupo ordenado, com divisão de tarefas, que obtém vantagens por meio de crimes.
Os cinco suspeitos foram presos ontem numa ação da polícia civil em várias partes do Rio de Janeiro. Três ainda estão foragidos. Além dos oito, outros 12 membros da Torcida Jovem do Flamengo tiveram mandados de prisão por outros crimes.