RIO – A briga entre os acionistas controladores da Usiminas subiu de tom nesta sexta-feira, com a divulgação de notas duras por ambos os lados. A japonesa Nippon Steel afirmou que a eleição do executivo Sergio Leite para a presidência da Usiminas é ?inválida? e que, por isso, vai tentar anular a decisão do Conselho de Administração. Na véspera, o Conselho destituiu Rômel Erwin de Souza pela segunda vez e reelegeu Leite para o cargo.
O placar na votação foi de sete a quatro. Os votos contrários foram da Nippon, que trava uma briga pelo comando da companhia há mais de dois anos com sua sócia, a ítalo-argentina Ternium, e da Caixa dos Empregados da Usiminas. Rômel foi afastado sob acusações de ter violado o estatuto, ao ter assinado um documento da empresa sozinho, quando a determinação é que pelo menos dois diretores assinem.
O documento em questão, segundo uma fonte, é um memorando de entendimentos entre Usiminas e a japonesa Sumitomo que foi assinado por Rômel em maio de 2016, com objetivo de rever o contrato de fornecimento de 4 milhões de toneladas de minério de ferro por ano da Musa (braço de mineração da Usiminas) para a própria siderúrgica. A Sumitomo tem 70% da Musa.
A Nippon havia tentado impedir a reunião extraordinária do Conselho desta quinta-feira por liminar, segundo uma fonte. Como não conseguiu, votou contra o afastamento de Rômel e a reeleição de Leite. Como a reeleição não foi por consenso, como prevê o acordo de acionistas, a Nippon vai tentar anular de novo a decisão como fez há cerca de um ano.
?A Nippon Steel acredita que a eleição foi uma clara violação do acordo de acionistas da Usiminas, que exige consenso prévio entre a Nippon Steel e o grupo Ternium para a nomeação e remoção de presidente-executivo?, disse a japonesa em comunicado.
TERNIUM: FALTA DE CONFIANÇA
?A Nippon Steel acredita que a resolução de 23 de março viola claramente o acordo de acionistas e sem uma razão legítima e que, portanto, é inválida. A Nippon Steel tomará todas as medidas legais necessárias, entre outras, para anular a resolução de 23 de março?, continua a nota.
A Ternium, por sua vez, disse em nota que ?considera extremamente grave que um presidente interino esconda um documento estratégico e relevante do Conselho, dê seguimento a negociações unilateralmente, viole as regras do estatuto social e descumpra seu dever fiduciário de forma intencional?.
A companhia disse ainda que o Conselho votou pela destituição de Rômel ?porque não pode ser obrigado a manter no cargo um presidente no qual não tem confiança e que voluntariamente descumprea lei e o estatuto?.