Cotidiano

Executivo da Carioca confirma repasse de mesada a Cabral

SÃO PAULO – Em depoimento nesta segunda-feira ao juiz Sérgio Moro, Eduardo Backheuser, executivo da Carioca Engenharia, confirmou que fazia pagamentos de mesadas de R$ 200 mil ao ex-governador Sérgio Cabral. Backheuser contou que fez pagamentos em espécie a Carlos Miranda, o Carlinhos, apontado pelo braço carioca da Lava-Jato como operador de Cabral.

O empreiteiro contou que foi apresentado a Carlinhos por meio de seu pai Ricardo Pernambuco, também executivo da Carioca e delator na Lava-Jato.

? O meu pai (Ricardo Pernambuco) me incumbiu de fazer pagamentos através do senhor Carlos Miranda. Os pagamentos eram feitos em espécie. Havia uma solicitação de serem feitos pagamento de R$ 200 mil mensais. Isso ocorriam a cada 30 dias, dependendo da disponibilidade dos recursos.

Na ação, Cabral é acusado de comandar um esquema de corrupção no governo do Rio e receber propina de R$ 2,7 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez em troca de contratos firmados pela empresa para serviços de terraplanagem no Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj).

Durante a fala do executivo da Carioca, a defesa de Cabral chegou a questioná-lo sobre possíveis repasses da empreiteira para outros ex-governadores. Contudo, Moro indeferiu a pergunta porque a resposta poderia envolver políticos, cuja prerrogativa de foro não permite que os casos sejam julgados na primeira instância, que é onde Moro atua.

Em seu depoimento, a arquiteta Ana Lucia Jucá Moreira Dias, responsável pela decoração dos escritórios de Adriana Anselmo e Sérgio Cabral e de suas residências no Leblon e em Mangaratiba confirmou ao juiz Sérgio Moro que a mulher do ex-governador deixou dinheiro em espécie no seu escritório para o pagamento de fornecedores nas reformas. Segundo Ana Lucia, os envelopes eram deixados por Luiz Carlos Bezerra, considerado pelos investigadores como o operador de Sérgio Cabral, também preso. Os funcionários das empresas Beraldin e Rubilar foram, cada um, três vezes na empresa da arquiteta buscar valores.

Questionada pelo procurador Athayde Ribeiro Costa se não estranhava que Adriana fizesse os pagamentos em dinheiro, a decoradora disse que imaginava que Adriana Anselmo preferia valores em espécie por comodidade.

– Eu nem sabia que o dinheiro chegaria em espécie. Acredito que ela fazia isso por conforto, não sabia a razão social da loja, a data certa, porque quem liberava os pagamentos era eu. A Adriana tinha um escritório de advocacia grande, para mim o dinheiro vinha de lá, nunca questionei isso – disse.