Cascavel - O problema que está visível aos olhos de todos os cascavelenses e que vem aumentando nos últimos meses, a quantidade de moradores de rua na cidade, vai ganhar uma nova estratégia de ações por parte do Poder Público – que pretende unir forças e ampliar a rede de atendimento a estas pessoas. Levantamento realizado pela Sesppro (Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção à Comunidade) apontou um aumento de pessoas vivendo neste tipo de situação, mais de 700 pessoas.
Nesta semana, representantes de diversas secretarias municipais – incluindo o Conseg (Conselho Municipal de Segurança Pública) – estiveram reunidos para tratar sobre o tema que é uma cobrança de toda a sociedade. Na reunião ficou definido que a rede de atendimento aos moradores também será ampliada, além do reforço de uma ampla campanha de conscientização da população, já que um dos principais problemas é que os moradores recebem uma grande quantidade de esmola, o que acaba os mantendo nesta situação.
A reportagem do Jornal O Paraná acompanha este problema há anos, inclusive trouxe em reportagem no início deste mês que uma as primeiras ações será mudar a Casa Pop (Casa de Passagem para População em Situação de Rua) para a região central da cidade. Atualmente o serviço funciona no Bairro Santa Felicidade, dificultando o acesso dos moradores que acabam se concentrando mais na região central da cidade, atendendo diariamente um público de 50 pessoas de idade de 18 a 70 anos, que recebem assistência médica e social, comem e tomam banho.
Prioridade máxima
Para o secretário municipal de Segurança Pública, Coronel Lee, a determinação da atual gestão é que esse problema tenha uma prioridade máxima devido ao agravamento da situação, noticiada pela própria imprensa, para resolver um problema em que a sociedade está sofrendo muito. “Fizemos um escalonamento de forças, por exemplo, uma pessoa chega à rodoviária e ela será abordada pela Assistência Social que já tenta segurá-los ali e ver qual o problema, de onde veio e o que veio fazer, um histórico da pessoa”, detalhou.
Ele afirmou que muitos que estão na cidade estão sendo encaminhados por outros municípios e neste tipo de situação está sendo acionado o Ministério Público para intervir nas situações. “Precisamos de ajuda para detectar essas pessoas, porque não adianta uma cidade empurrar para a outra é importante resolver e uma das formas e que vamos começar a fazer é uma campanha muito forte contra as esmolas”, frisou Lee.
Segundo o secretário, o problema é que antes a população até dava o esmola por dó, agora ela está dando por medo, mas é preciso deixar claro que a pessoa que está dando a esmola, está financiando a violência, o tráfico de drogas, a criminalidade. “Quando tem uma pessoa, um morador de rua segurando um cartaz descrevendo ‘fome’ é mentira, porque o Poder Público está dando todo o apoio para esse pessoal, dando emprego, oferecendo saúde, comida, guarida, até ele se estabilizar. Não existe essa situação de morador de rua, se está em situação deplorável é porque eles estão nas drogas”, reforçou.
O secretário disse ainda que a campanha visa justamente deixar claro esta situação para que a população não dê esmolas, porque muitas vezes a sacolinha de comida que a pessoa dá a um morador de rua na saída do supermercado, vai virar pedra de craque. Para levantar a real situação, diversas secretarias estão fazendo um trabalho de ‘raio-x’ para que então possam levar toda a situação ao Poder Público e à Justiça, e tentar estancar a situação.
“Estamos em várias frentes fazendo o nosso trabalho, mas é como enxugar gelo. Então, eles precisam realmente de ajuda e o que temos a oferecer é um tratamento, seja obrigatório, seja voluntário e isso é importante que toda a sociedade saiba para que então, saibam que não dar esmolas é ajudar eles, deixando o Poder Público ajudá-los”, finalizou.
Ações eficazes
Para o presidente do Conseg, Sérgio Leonardo Gomes, a ideia é de discutir ações mais eficazes para o problema que está cada vez maior e que grande parte deles se envolve em ilícitos, como pequenos furtos e ameaças, até homicídios. “O comércio onde estas pessoas ficam também tem problemas, por isso, precisamos de ações de forma integrada e de conscientização das pessoas o que vamos discutindo e aprimorando as ações, com reuniões e ações mais frequentes”, disse.
Ele disse ainda que existe inclusive o envolvimento de igrejas e entidades como um todo, para que haja um engajamento de todos, contando com o apoio de toda a sociedade para as ações que serão desenvolvidas. “Estas ações já estão acontecendo e vamos com certeza estar mais integrados para tentar minimizar o problema”, relatou.