CONSTRUÇÃO CIVIL

Paraná ocupa 5ª posição no ranking nacional de acidentes de trabalho

Paraná ocupa 5ª posição no ranking nacional de acidentes de trabalho

A segurança no trabalho na construção civil é imprescindível, não apenas por proteger os trabalhadores, mas também pela garantia de eficiência e a qualidade das construções. Em um setor onde os riscos são inerentes, medidas de segurança são essenciais para prevenir acidentes e proteger a saúde dos profissionais envolvidos.

Entre os estados brasileiros, Santa Catarina se destaca com 245 comunicações de acidente a cada 10 mil empregos; seguida por Rio Grande do Sul (214) e Mato Grosso do Sul (188). O Paraná é o quinto estado em número de notificações de acidentes de trabalho.

No recorte por gênero, os grupos mais atingidos são homens de 18 a 24 anos e mulheres de 35 a 39 anos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, meio bilhão de dias de trabalho foram perdidos com as ocorrências no setor formal desde 2012. A perda média para o PIB (Produto Interno Bruto) mundial, a cada ano, é de 4%.

Equipamentos e condutas

Na construção civil, uma das principais preocupações é a queda de altura, tida como causa central de acidentes graves e fatais. Para prevenir, é vital o uso de equipamentos de proteção individual, os EPIs, adequados, como capacetes, cintos de segurança, e redes de proteção em áreas elevadas. Além disso, barreiras físicas, como corrimãos e guarda-corpos, devem ser instaladas em todas as áreas de trabalho em altura.

Outro ponto crucial é a manipulação de materiais pesados e ferramentas elétricas. Os trabalhadores devem receber treinamento adequado para manusear esses equipamentos com segurança, e as ferramentas devem ser regularmente inspecionadas para garantir que estejam em boas condições de funcionamento. Além disso, é essencial manter as áreas de trabalho limpas e organizadas para evitar quedas e tropeços.

A exposição a substâncias químicas e agentes nocivos também é uma preocupação importante na construção civil. Os trabalhadores devem ser informados sobre os riscos associados a esses materiais e devem receber treinamento sobre como manuseá-los de forma segura. O uso de equipamentos de proteção respiratória e a ventilação adequada das áreas de trabalho são medidas adicionais que ajudam a mitigar esses riscos.

Além das medidas específicas de segurança, é crucial promover uma cultura de segurança dentro das empresas de construção. Isso envolve a comunicação aberta entre empregadores e funcionários sobre preocupações com segurança, a realização regular de inspeções de segurança no local de trabalho e a implementação de programas de treinamento contínuo em segurança.

Dados de 2022

Em Cascavel, o engenheiro de segurança no trabalho, engenheiro civil e diretor da AEAC (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel), Marcelo Marques, recorre a dados de 2022 (mais recente levantamento) para traçar um panorama sobre os acidentes de trabalho no Brasil.

A construção civil ocupa a sexta colocação nesse ranking dos setores que mais ocorrem acidentes no Brasil. Do total de 55,7 mil acidentes ocorridos e contabilizados em 2022, a construção civil corresponde a 2,18%, ou seja, 10.500 acidentes de trabalho nos canteiros de obras. Já com relação aos dados acumulados dos últimos 10 anos, de 2012 a 2022, colocam a construção civil entre os 5 primeiros setores, com 140 mil acidentes, totalizado 2,4% de todas as ocorrências do gênero.

Quando se trata de segurança no ambiente de trabalho, especialmente na indústria da construção civil, é fundamental analisar as funções que mais frequentemente estão expostas a riscos. Dentro deste contexto, é recorrente observar que no top 10 das funções com maior incidência de acidentes, o servente de obra/auxiliar de obras figura entre os primeiros colocados. Essa posição se justifica pelo fato de que muitas vezes estes profissionais, embora desempenhem um papel essencial, podem não receber o devido treinamento para lidar com os riscos inerentes às atividades desenvolvidas.

No intervalo entre o 11º e o 50º lugar, destacam-se o pedreiro, carpinteiro e eletricista. São as três figuras centrais no canteiro de obras. “O constante manuseio de equipamentos pesados, exposição a alturas elevadas e trabalho com energia elétrica são alguns dos fatores que contribuem para o aumento do risco nessas ocupações”, comenta Marcelo Marques.

Apesar de possuírem um nível de conhecimento e habilidades mais aprofundados em comparação aos serventes, esses profissionais também enfrentam desafios significativos em termos de segurança ocupacional.

Adentrando ao grupo das 50 primeiras colocações até a 100ª posição, outras três funções despertam preocupação: encanador, mestre de obras e pintor. Por estarem em uma faixa relativamente inferior em termos de incidência de acidentes se comparadas às anteriores, esses trabalhadores ainda enfrentam um nível considerável de perigo no ambiente de trabalho. O manuseio de ferramentas cortantes, exposição a produtos químicos e trabalho em alturas podem contribuir para a ocorrência de incidentes.

Protocolo rigoroso

Diante desse panorama, torna-se evidente a necessidade de medidas eficazes para promover a segurança e o bem-estar dos trabalhadores da construção civil. Investir em treinamentos adequados, implementar protocolos de segurança rigorosos e promover uma cultura organizacional voltada para a prevenção de acidentes são algumas das estratégias que podem contribuir significativamente para a redução dos índices de incidentes no setor.

Nos meandros da construção civil, o panorama se desdobra em três esferas distintas, delineando a erudição da indústria: a Edificação, abrangendo empreendimentos residenciais, comerciais ou de configuração híbrida; as Obras de Infraestrutura, que englobam a construção de rodovias, vias urbanas, instalações para energia, eletricidade, telecomunicações, abastecimento de água, sistemas de esgoto e dutos diversos, impactando de forma notória o tecido urbano; e, por fim, os Serviços Especializados, que abarcam desde a demolição até os acabamentos finais, compreendendo, entre outras atividades, o preparo do terreno e as instalações hidráulicas.

“No que concerne ao arcabouço normativo, os últimos três a quatro anos têm sido palco de uma revisão abrangente de diversas regulamentações que reverberam diretamente no contexto da construção civil”, destaca Marques. Destaque-se, neste contexto, a revisão da NR 18, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho que estipula os requisitos mínimos de segurança para o setor. Embora tenha havido uma redução substancial de cerca de 60% em seu conteúdo, a norma viu ampliada sua abrangência e articulação com outras regulamentações pertinentes ao setor, tais como as normas de segurança em altura, instalações elétricas, fundações, maquinário e equipamentos, transporte e içamento de cargas. Tal realinhamento atribuiu uma responsabilidade acrescida aos empregadores, sejam estes construtores, incorporadores, proprietários ou investidores à frente das empreitadas, conferindo-lhes um compromisso mais sólido com a segurança e integridade dos trabalhadores.

Região Oeste

No contexto regional, enxerga-se um progresso palpável nos últimos anos, tanto no que tange à fiscalização quanto à implementação de medidas de controle e segurança, moldando um panorama mais auspicioso em comparação ao passado recente. O acesso das empresas do setor a equipamentos de última geração, como trava-quedas retráteis e estruturas de ancoragem certificadas e em conformidade com as normas vigentes, tem sido uma realidade crescente na região. Nesse sentido, as empresas são impelidas a priorizar tais aspectos na execução de seus serviços, ciente de que a segurança e a saúde laboral caminham com a excelência na execução das obras, permeando uma cultura de qualidade que se reflete em cada etapa do processo construtivo.

Marcelo Marques possui 17 anos de experiência no setor da construção civil. É diretor da Scalabrin Engenharia, empresa com 6 anos de atividade especializada na segurança do trabalho para construtoras e condomínios. É ainda responsável pela segurança no trabalho da maior obra de shopping center em construção no País, o Catuaí, em Cascavel.