Mauricio Macri aproveitou a reunião dos representantes da Aliança do Pacífico na semana passada, da qual participou como observador convidado, para exortar os países do Mercosul, em especial o Brasil, a saírem do ?congelamento?. O presidente da Argentina disse que este é um passo fundamental para que o grupo que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela possa concluir seu processo de formação e integrar-se a outros blocos por meio de acordos de livre comércio.
Macri defendeu especificamente convergência com a Aliança do Pacífico, composta por Chile, México, Peru, Colômbia e Costa Rica, afirmando que os dois blocos devem compartilhar informações e integrar o comércio regional.
Ele tem razão. Esse tipo de iniciativa tornou-se ainda mais urgente após o plebiscito que aprovou a saída do Reino Unido da UE e diante da popularidade de Donald Trump na campanha presidencial americana. Os dois fenômenos representam a ascensão de ideias protecionistas e xenófobas e ameaçam décadas de integração e globalização.
A Aliança do Pacífico já eliminou tarifas cobradas sobre 92% dos bens negociados entre os países do bloco este ano. No encontro da semana passada, avançaram em acordos de liberalização na área de serviços. Além disso, a Aliança possui uma estrutura ágil e pouco burocrática.
Desde que assumiu a Presidência da Argentina em dezembro passado, Macri vem desmantelando as restrições comerciais e o controle cambial montados em 12 anos de governo do casal Kirchner. Na reunião da Aliança do Pacífico, o presidente argentino disse que é fundamental que o Brasil, como principal sócio do Mercosul, resolva de uma vez por todas o impasse institucional gerado pelo processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff para que o bloco saia do imobilismo.
Em pouco mais de um mês de gestão do presidente interino Michel Temer, o Brasil demonstrou que pretende reativar o comércio externo e a integração com parceiros estratégicos. Também deu mais liberdade ao setor privado, destravando medidas protecionistas e autorizando a participação estrangeira em setores como petrolífero, aviação e agroindústria. Trata-se de um sinal positivo, pois vai na direção inversa ao do discurso protecionista que orientou a política de comércio exterior do país nos últimos anos.
Uma convergência com os potenciais parceiros do Pacífico, como sugeriu Macri, seria benéfica para o Mercosul em várias frentes, inclusive pela maior flexibilidade que o bloco se veria estimulado a adotar, desfazendo-se do excesso de centralização e burocracia. Também permitiria que Mercosul e Aliança do Pacífico se integrassem, juntos, às negociações entre EUA e nações da Ásia para o chamado Tratado Transpacífico.