Esportes

Natação do país frustra as expectativas com desempenho ruim

O Brasil não foi fundo na coleta de medalhas na piscina do Estádio Aquático Olímpico. Com as remotas chances da equipe nacional no revezamento 4x100m medley hoje, no último dia de provas, não há o que comemorar na natação brasileira. NATAÇÃO 12-08

Foram sete anos de planejamento e preparação desde que o Rio de Janeiro foi eleito sede da Olimpíada, em 2009. Dentro do programa inicial do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de atingir o top 10 do quadro de medalhas geral, com a necessidade de o Brasil fazer de 27 a 30 pódios, a natação colaboraria nessa contagem com três ou até cinco medalhas.

HORIZONTE MODESTO

Ao longo do ciclo, quanto mais a Olimpíada se aproximava, e diante de tamanha pressão por competir em casa, os dirigentes passaram a evitar projeções de medalhas, até para poupar os atletas. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) estipulou, então, uma meta mais modesta, que era superar o número de finais de Pequim-2008, de seis. Chegou a sete.

? É difícil fazer uma configuração de medalhas com um grau técnico tão avançado quanto este na natação ? disse Ricardo de Moura, superintendente técnico da CBDA.

Dentro desta dificuldade de bater os rivais em casa, a torcida empurrou o quanto pôde, mas, no fim, ficou provado que a superioridade técnica internacional falou mais alto que o grito que partia em coro da arquibancada. Para o dirigente, diante da lavada que a equipe nacional levou em seu território, restou isso como o maior legado dos Jogos na natação nacional.

? O público percebeu (o alto nível técnico) e abraçou os atletas. Os torcedores que lotaram o estádio entendem de natação e, por isso, valorizam muito a ida à final, uma participação na final. Esse é o maior legado que vai ficar ? declarou Ricardo de Moura.

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Em algumas das finais que disputou, o pior foi que, em alguns momentos das provas, o Brasil deu um gostinho de vitória certa, virando na frente certas vezes, mas chegando atrás nos últimos metros.

? Na disputa pelo pelos 100m peito e no revezamento 4x100m, estivemos na briga por medalha durante as provas, mas a natação tem isso ? explicou o dirigente.

Com a delegação recorde de 33 nadadores, o Brasil chegou com 19 novatos em Jogos. A falta de experiência não pode ser usada como desculpa, porque há uma busca por renovação no momento em que o país chegou ao Rio sem Cesar Cielo, que não atingiu o índice olímpico, e que vê a saída de cena de Thiago Pereira, que privilegiou os 200m medley como única prova e acabou em sétimo, uma grande frustração diante da prata na prova em Londres-2012.

? É duro ver que o tempo para medalha você fez várias vezes ? disse Pereira, líder da prova nos primeiros 150m. ? Tentei o impossível.

Os Estados Unidos trouxeram 45 atletas, sendo 30 novatos. Potência mundial da modalidade, até ontem os americanos lideravam o quadro de medalhas da natação, com 24, sendo 11 de ouro, incluindo as dos estreantes Lilly King, 19, Simone Manuel, 20, e Caeleb Dressel, 19, junto com o revezamento.

NOVATOS ESTRANGEIROS BRILHAM

Outros países também renovaram a delegação e tiveram resultados, como a Austrália, ouro nos 100m com Kyle Chalmers, 18. E até o Cazaquistão, com o surpreendente ouro nos 200m costas com Dmitriy Balandin, 21.

? A natação teve grau de dificuldade muito alto e a nossa perspectiva eram as finais, nada além disso, pela dificuldade que sabíamos que iríamos encontrar. A evolução é forte e a Federação Internacional de Natação (Fina) tem 207 países filiados. É uma evolução técnica grande ? disse Moura. Os recordes dos Jogos Olímpicos Rio-2016

Único atleta brasileiro a chegar nos Jogos Olímpicos entre os três melhores do ranking mundial, o especialista nos 100m peito João Luiz Gomes Jr. é um exemplo de como o Brasil viu as suas expectativas na natação descerem pelo ralo. Com um tempo de 59s31, ele chegou em quinto na final, enquanto o britânico Adam Peaty ganhava o ouro e batia o recorde mundial com 57s13, mais de dois segundos abaixo de João.

Na mesma prova, Felipe França foi sétimo, com 59s38. Nos 100m peito, apenas os três primeiros colocados nadaram abaixo de 59s. Bronze, o americano Cody Miller fez 58s87. Medalha de prata, o sul-africano Cameron van der Brugh completou a prova com tempo de 58s69.