RIO – Tecnicamente e psicologicamente forte, essas foram as bases para que o desacreditado Diego Hypolito realizasse dois sonhos: conquistar uma medalha olímpica e ser orgulho do Brasil. Com ajuda da torcida que comemorava cada erro adversário, Diego fez uma apresentação técnica e limpa, e assim, conseguiu a medalha de prata. Depois de pedir desculpas em Londres, Diego está no lugar que sempre mereceu: o pódio. Diego e Nory 14.08
Em Pequim ele era favorito ao ouro, depois de ganhar o Mundial anterior, Diego escorregou e caiu sentado no solo ainda na fase classificatória. Em Londres, traumatizado com os Jogos anteriores, ele passou para a final, mas caiu com o rosto no chão. Hoje, o chorão assumido, chorou de alegria. Para o Rio, Diego quase não foi relacionado. Sem índice olímpico e fora da sua melhor forma, ele acabou sendo chamado pela chance de poder levar uma medalha no solo. Nem na melhor perceptiva a comissão técnica espera um segundo lugar de Diego. Mas, o ginasta se superou como poucos.
– Eu tinha certeza que não vinha para o Rio. Ficava só ansioso para me dizerem que eu estava fora logo. Quando me chamaram eu chorei. Eu sempre choro. Ai, comecei a trabalhar com uma psicóloga e o Zannetti me ajudou também. Ele acreditou em mim. Eu só preciso fazer uma boa apresentação. E fiz. E passei para a próxima fase. Agora, quero fazer outra apresentação limpa ? disse Diego no primeiro de competição.
Um passo de cada vez. Foi essa a técnica adotada pela a comissão técnica do Brasil para manter Diego com a cabeça centrada. Depois de pensar em desistir de competir, Diego já fala em se preparar para 2020.
– Eu tinha a certeza que não estaria nas Olimpíadas. Olimpíada era um assunto difícil para mim, em Pequim eu cai nas eliminatórias, em Londres eu cai de cara no solo, esse ano eu não fiz índice. Agora, estou aqui. Com a medalha que eu queria dar ao povo brasileiro. Esse foi meu pedido de desculpas. Quando eu estava melhor fisicamente eu falhei. Agora, mais distante do meu auge, eu venci. Sei que posso. Vou treinar muito para 2020 ? disse Diego, ainda aos prantos.
Diego é, sem dúvidas, é o ginasta mais importante da história do país até aqui. Ele é responsável por colocar no mapa a ginastica artística masculina. Com dois Mundiais (2007 e 2005), dois Pan-Americanos (2007 e 2011) e um Sul-Americano (2011) no currículo, faltava uma medalha olímpica. No passado ele foi bronze Campeonato Mundial no solo. E esse ano não chegou às finas dos Mundiais. Quando menos se esperou dele, foi exatamente quando deu a volta por cima e foi prata.
– Queria, com essa medalha, dizer ao povo brasileiro que a gente é herói. Que quando você não desiste de você mesmo, é possível! Eu quase desisti de mim. Mas hoje me sinto um herói. Queria dar essa medalha para o Brasil. Essa medalha é de vocês. Se eu consegui essa medalha foi porque vocês acreditaram em mim! Essa medalha é de vocês. Quando eu erra muito melhor em termos de ginastica, eu fui o segundo do mundo. Nunca deixem de acreditar em você. Nunca deixem ninguém destruir os seus sonhos.