SÃO PAULO – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, não descartou nesta sexta-feira que o partido apoie um deputado aliado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) para presidência da Câmara na próxima semana. Aécio disse que a eleição para um mandato tampão na Casa não é prioridade para o PSDB e que o partido deve concentrar suas forças para a sucessão que acontecerá em fevereiro de 2017. O senador chegou a dizer que o PSDB não será o partido da “discórdia” nesse processo de disputa interna.
– Essa (a eleição para um mandato tampão) não é a prioridade desse conjunto de forças. Vamos buscar construir uma aliança o mais ampla possível agora. Mas nossa prioridade é ter candidato competitivo e com perfil adequado a partir das eleições de fevereiro- afirmou o senador, após participar de um seminário do Instituto Teotônio Vilela, em São Paulo.
O PSDB defenderá que a Câmara precisa eleger nos próximos dias um presidente que tenha condições de conduzir uma agenda mínima de discussões e votações na Câmara para interromper a paralisia que domina o parlamento desde que passou a ser dirigido pelo deputado Waldir Maranhão (PP-MA).
– O que queremos é que a Câmara volte a funcionar e um presidente que cumpra esse mandato e consiga liderar uma agenda. Nesse momento somos um partido da base de apoio do presidente (interino) Michel Temer. Não seremos o partido da discórdia – disse Aécio.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imbassahy, foi ainda mais explícito em relação à posição do partido de não descartar apoio a um deputado que seja ligado a Cunha para presidir a Câmara nos próximos oito meses. Ele disse que não pode ter “preconceito partidário” nessa discussão.
– São muitas conversações e muitos candidatos. Não podemos ter nenhum tipo de preconceito partidário. Fazemos parte de uma base ampla de apoio ao presidente Michel Temer – afirmou.
Imbassahy é um dos nomes que circularam para a eleição interna para o mandato tampão, mas o deputado disse nesta manhã que não é candidato.
Na mesma linha, o senador José Aníbal (PSDB-SP) defendeu que, qualquer que seja o novo presidente da Câmara, a influência de Cunha sobre o sucessor será nula.
– Tem que ficar claro que ele não vai continuar dirigindo a Câmara dos Deputados seja quem for que esteja na presidência.
PROCESSO DE CASSAÇÃO
Os tucanos reafirmaram em São Paulo que o PSDB manterá a posição declarada no Conselho de Ética em favor da cassação do mandato de Eduardo Cunha, apesar da renúncia apresentada ontem por ele do cargo de presidente da Câmara.
– A posição do partido já foi explicitada no Conselho de Ética e será assim na Comissão de Constituição e Justiça e no plenário – afirmou Aécio.
Imbassahy disse que a renúncia não apaga os erros cometidos pelo peemedebista.
– A renúncia não muda o passado. Os fatos graves revelados pela Lava-Jato comprometem o mandato dele.