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'Não somos favoritos' na Rio-2016, diz Bernardinho após vice na Liga Mundial

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De um dia para o outro, um time aguerrido, que não se entregou em momento algum contra os franceses, numa partida excepcional, tornou-se uma equipe comum, mediana, com excesso de erros e apática. O Brasil, melhor equipe da Liga Mundial até então, caiu diante da Sérvia por 3 a 0 (22/25, 22/25 e 21/25), em 1h25, no Tauron Arena, e perdeu a chance de voltar ao lugar mais alto do pódio.

A Sérvia, que em 2015 fora vice-campeã e somava cinco pratas e três bronzes, conquistou o título inédito ? em 2003 e 2005 perdeu para o Brasil. A seleção brasileira continua em jejum de ouros desde o Mundial de 2010. E pior: a pressão para voltar ao topo pode pesar na disputa olímpica, em que ao menos seis seleções têm condições de vencer. O bronze ficou para a França, que venceu a Itália por 3 a 0 (25/23, 25/21 e 25/20).

? A culpa é minha e peço desculpas em nome do grupo por não termos feito um jogo digno de uma final ? disse Bernardinho. ? Não senti capacidade de concentrar o time, de dirigir o time corretamente. Estava extremamente fora… Não sei como e o porquê. Tenho de tentar entender que mudança foi essa em 24 horas, talvez um misto de emocional. Porque não pode, tecnicamente falando, em 24 horas um time (não jogar)… Vale uma reflexão coletiva e verdadeira.

O treinador afirmou que, se o grupo conseguir absorver que teve uma campanha positiva, de construção, mas com uma lição muito dura no final, será um bom caminho para a Olimpíada. Além disso, segundo ele, vai precisar esmiuçar os motivos que levaram a seleção a errar tanto, a perder a resistência.

? Por que o time errou tanto? Por que jogadores importantes erraram tanto ou não foram decisivos? Não vai ser fácil o caminho. Uma série de coisas virão. Lado positivo? Ainda bem que foi agora. Sabemos que esse time não vai ganhar com facilidade, com distância, vai sofrer ? disse o técnico, acrescentando. ? Não somos favoritos (no Rio) e essa final demostrou isso. Mas a campanha comprovou que temos condições de brigar com todos.

24 PONTOS EM ERROS

Bernardinho começou o time com Bruninho, Wallace, Maurício Souza, Lucão, Lucarelli, Maurício Borges e o líbero Thiago. Quando questionado sobre a opção de usar Thiago e não Serginho, Bernardinho teve de respirar fundo:

? Imputar isso à forma como o time jogou não é apropriado. Os números da temporada, frios, mostram uma eficiência grande do Thiago e do Escadinha. Mas tem outros aspectos que precisam ser avaliados. Os números do Thiago hoje (domingo) não foram ruins. Seria fácil seguir a conveniência. Infelizmente, alguém tem de fazer o que é certo. Impossível dizer se seria mais positivo (de outro jeito). Tenho feito revezamentos nos últimos três torneios e o saldo é positivo. Mas hoje (ontem) não aconteceu. Não dá nem para julgá-lo porque o jogo não aconteceu.

O Brasil entregou 24 pontos em erros para o rival. E nunca ficou à frente no placar. O time de Nikola Grbic já havia aplicado 20 aces no único jogo em que o Brasil havia perdido na Liga Mundial, na fase de classificação. E somente no meio do segundo set, Bernardinho pôs Lipe no lugar do ponteiro Maurício, que sofreu no passe.

? Hoje o jogo estava para eles. Acontece. Final é final. Temos de pensar na Olimpíada. A Liga Mundial acabou ? desconversou Maurício, abatido. ? Não me senti frustrado com a dificuldade no passe. É do jogo, eles conseguiram se impor.

Bruninho disse que a Sérvia fez pressão desde o início e que o Brasil não ?esperava tanta pressão assim, principalmente no saque?.

? E, como a gente errou muito, foi minando a nossa confiança. Quando fazíamos algo bom, eles conseguiam nos neutralizar, tiravam algo da cartola… E, ao contrario de nós, ficavam mais confiantes. É decepcionante, é frustrante mas não temos muito tempo para ficar assim. É virar a chave e continuar ? avaliou o levantador. ? Não interessa balanço positivo. Não ganhamos. A gente fica com esse sentimento de bater na trave de novo. Jejum incomoda e vamos ter de falar disso novamente na Olimpíada.

DOIS ENTRE OS MULHERES

O prêmio de consolação veio na seleção do campeonato: Maurício Souza foi eleito o melhor central bloqueador e Wallace, o oposto. A Sérvia teve o melhor jogador, Marko Ivovic, também eleito melhor ponteiro. Antonin Rouzier, da França, ficou com o prêmio de segundo melhor ponteiro. Atrás de Maurício, ficou Srecko Lisinac, da Sérvia (segundo central bloqueador). O melhor líbero foi Jenia Grebennikov, da França, e o levantador, Simone Giannelli, da Itália.

Após a partida, vários jogadores não quiseram dar entrevista. E Lipe resumiu o que o público polonês havia percebido. Faltou energia ao Brasil:

? Tentei fazer o máximo, inclusive acordar a galera. Entrei para controlar mais o passe, que a gente estava perdendo até com bolas não forçadas, mas também para dar energia aos jogadores. Tentei e não consegui. Terei de pensar como melhorar isso.

*A repórter viaja a convite da FIVB