Cascavel – Além de não garantir preço mínimo justo e de não comprar o produto na hora que o produtor precisa comercializar a sua safra, o governo ainda abre a importação do grão de outros países, pisando ainda mais forte sobre o já sofrido agricultor brasileiro, criticou o presidente do Sindicato Rural Patronal de Cascavel, Paulo Orso, que preside também o Nurespop (Núcleo Regional dos Sindicatos Rurais Patronais do Oeste do Paraná), ao analisar a situação vivida hoje pelos triticultores.
É a velha novela que se repete todo ano: na época de plantio, o governo acena para os produtores como se o trigo fosse um atrativo, incentivando a cultura. E na hora da colheita e da comercialização, esse mesmo governo não garante preço justo e sequer garante a compra do cereal, além de incentivar a importação do trigo de países como a Argentina, rebaixando ainda mais os preços internos e mergulhando os produtores em prejuízos irreversíveis, afirma Paulo Orso.
O dirigente ruralista observa que, neste momento, se repete a dificuldade que o agricultor enfrenta todo ano para comercializar sua produção, porque o mercado está fechado: o governo e as empresas não estão comprando trigo. É o abandono total do nosso produtor, frisa Orso.
Ele cita ainda que, nas últimas duas semanas, a situação dos triticultores se agravou por conta das sucessivas chuvas, que impediram o andamento normal da colheita, comprometendo a qualidade e a produtividade. Até há cerca de quinze dias, vínhamos tendo uma produtividade em torno de 35% maior que na safra passada, com os produtores colhendo uma média de 135 sacas por alqueire. Além disso, as empresas estavam comprando, embora o preço estivesse em torno de R$ 36,00 a saca no balcão, abaixo do custo de produção que é de aproximadamente R$ 38,00 a saca. Mas até então, a produtividade maior ainda vinha compensando um pouco o preço baixo, o que agora começa a se inverter, já que a produtividade e a qualidade dos grãos estão caindo devido às chuvas, explica o presidente do Sindicato.
Política de longo prazo
Para Paulo Orso, o setor sofre, anualmente, com a falta de uma política governamental de preço mínimo de longo prazo para o trigo, porque o problema do preço baixo se repete ano após ano. O Brasil já foi autosuficiente na produção de trigo. Mas hoje produz apenas cerca de 40% da sua demanda interna, dependendo da importação de trigo de outros países, como da Argentina. Essa situação ocorre devido à ausência de uma política justa e de longo prazo, reforçou Paulo Orso. Ele enfatiza que à medida que o Brasil importa trigo, deixa de gerar emprego, renda e investimentos no País para levar esses benefícios aos países exportadores.