Cotidiano

Delatores da Lava-Jato confirmam propina a ex-dirigentes da Eletronuclear

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RIO ? Dois delatores da Lava-Jato confirmaram, em depoimento nesta segunda-feira, pagamento de propina a ex-dirigentes da Eletronuclear no âmbito das obras da usina nuclear de Angra 3. Ex-executivos da Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá e Clóvis Primo disseram que o pedido era de um percentual de 1% dos pagamentos. O então presidente da Eletronuclear, Othon Silva, receberia o mesmo percentual, de 1%, sozinho. PT e PMDB ficariam com 2%.

Os dois ex-executivos prestaram depoimento ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, que julgará a ação contra cinco ex-dirigentes da Eletronuclear, que estão presos desde a deflagração da operação Pripyat, em julho deste ano. Othon Silva foi réu em outro processo e foi condenado a 43 anos de prisão. Os ex-dirigentes presos e réus no processo que está na fase dos depoimentos são Luiz Soares, Edno Negrini, Persio Jordani, Luiz Messias e José Eduardo Costa Mattos. Eles estão acompanhando os depoimentos.

Rogério Nora disse ter autorizado o pagamento do acerto da propina feito com o então presidente da Eletronuclear, mas não soube informar quais eram os ex-integrantes da cúpula da Eletronuclear beneficiados. De acordo com ele, quem passou a gerenciar o assunto foi Clóvis Primo.

Rogério Nora foi perguntado por que pagava a propina e respondeu que tratava-se de uma espécie de acordo de cavalheiros para que houvesse esforços de que não haveria problema nas obras.

Segundo a depor, Clóvis Primo disse que, em uma reunião, recebeu de Othon Silva um papel com as iniciais e os valores de propina que seria destinado a cada dirigente. Ele disse que constavam as iniciais de Luiz Soares, Costa Mattos e Luiz Messias. Ele declarou que supõe que os outros nomes eram de Edson Negrini e Pérsio Jordani.

As delações de Rogerio Nora e de Clóvis Primo foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal. Os dois citam políticos com foro privilegiado e também são os delatores que falam sobre os pedidos de propina feitos pelo ex-governador do Rio, Sergio Cabral.