CARACAS ? Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) montaram barreiras em estrada e vias que dão acesso a Caracas, onde a oposição se prepara para uma grande marcha contra o governo de Nicolás Maduro. Nas redes sociais, internautas relatam que o bloqueio provocou intenso congestionamento de veículos que tentam chegar à capital. Dez estações de metrô foram fechadas. A crise política se acentuou no país após a Assembleia Nacional (AN), controlada pela oposição, aprovar na terça-feira o início de um processo de impeachment contra Maduro. Venezuela
?O chavismo insiste que nada está acontecendo, que tudo está normal e rapidamente militariza a cidade e viola o direito dos civis de trabalharem?, denunciou no Twitter Luis Carlos Díaz, jornalista especializado em mídias sociais.
Internautas publicaram fotos de pontos de controle em várias partes da cidade. Alguns motoristas optaram por voltar para casa, segundo o jornal ?El Universal?.
A oposição tentará nesta quarta-feira demonstrar sua força nas ruas, com manifestações em todo o país, depois do duro golpe que sofreu com a suspensão do processo de referendo revogatório que lidera contra Maduro, situação que elevou a crise política.
A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou os opositores a uma ?Tomada da Venezuela?, no que deve ser o primeiro de três dias para a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do padrão eleitoral), último passo antes da convocação do referendo. Com a campanha, a oposição espera deixar em evidência a rejeição da população ao governo de Maduro.
Mas o processo foi suspenso na semana passada por decisão de tribunais penais regionais, que aceitaram denúncias de fraude do governo na primeira etapa de coleta das assinaturas de 1% do padrão eleitoral, necessárias para autorizar a fase seguinte de registro de 20% das assinaturas do padrão eleitoral.
Governo e oposição, que trocam acusações de “golpismo”, exploram ao mesmo tempo a possibilidade de um diálogo com a mediação do Vaticano, em meio a uma profunda crise econômica que provoca escassez de alimentos e remédios, além de uma inflação calculada pelo FMI em 475% para este ano.
O governo atribui a crise econômica a “empresários de direita” que pretendem desestabilizar Maduro, mas a oposição responsabiliza o modelo socialista do governo e afirma que o referendo é a última “válvula de escape” de uma população irritada por ter de enfrentar longas filas para obter os poucos produtos com preços subsidiados.
Durante as manifestações da MUD nesta quarta-feira, Maduro deve estar reunido com o Conselho de Defesa da Nação, que tem a participação de todos os poderes públicos e no qual pretende abordar o que considera um “golpe parlamentar”, em referência à aprovação de um julgamento de responsabilidade política contra o presidente por parte da Assembleia Nacional.
Neste contexto, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, e o alto comando militar divulgaram na terça-feira um comunicado em que ratificam a “lealdade incondicional” a Maduro.