Michael Phelps guarda em sua vasta coleção de glórias olímpicas 23 medalhas de ouro, três de prata, duas de bronze e cinco estatuetas. As medalhas, o nadador coleciona desde Atenas-2004 ? aos 15 anos, competiu em Sydney-2000 e voltou aos Estados Unidos com um hoje impensável quinto lugar nos 200 metros borboleta. Já as pequenas estátuas foram incorporadas à bagagem do atleta neste ano, quando a organização resolveu substituir as tradicionais coroas de flores oferecidas no pódio pelas esculturas que trazem a marca da Olimpíada do Rio.
A novidade foi desenvolvida pela equipe responsável por todo o conceito que envolve o logotipo dos Jogos e chancelada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
? Quando surgiu a ideia do pódio, de trazer a natureza, a gente viu que as plantas já estavam representadas ali de alguma forma. Então a gente consultou o COI e perguntou se poderia ter uma mudança. A partir daí, começamos a pensar em uma alternativa às flores ? explicou a diretora de Marca do Comitê Rio-2016, Beth Lula.
A marca foi finalizada ? ?a primeira em três dimensões da história dos Jogos?, acrescenta Beth ?, os ramos de flores já estavam presentes em outros elementos do pódio, e aí os pontos se conectaram.
? A gente pensou: por que não fazer uma série limitada de esculturas para dar aos atletas? As flores, eles acabam jogando fora, é um item perecível. A escultura fica como mais uma lembrança. O COI adorou a ideia ? disse Beth.
Todos os itens que envolvem o momento da entrega das medalhas foram criados para dar um tom de brasilidade. As roupas são ?leves e tropicais?; a música traz toques de samba e bossa nova. Até agora, o Brasil foi 15 vezes ao pódio ? cinco medalhas de cada cor ?, no momento em que prêmios e integrantes estiveram mais alinhados.
? A gente queria ver os atletas brasileiros ? disse Beth, rindo, ao ser perguntada se pensou em algum atleta específico ocupando o pódio no momento em que ela e o restante da equipe o desenvolveram. ? Esse é o momento mais emblemático. A gente realmente quis que fosse um momento muito especial, muito com a nossa cara.
movimento no pódio
Os medalhistas levam para casa uma peça que traz uma ideia de movimento. Compatível com a velocidade de Usain Bolt, as braçadas de Phelps, os saltos de Simone Biles…
? São três pessoas de mãos dadas, o que traz uma ideia de dança. Tem o Pão de Açúcar de uma forma bem sutil, dá para ver o contorno. A marca foi o pontapé inicial para que a gente desenvolvesse toda a linguagem. Algo orgânico, que falasse do nosso jeito de ser, da nossa energia e alegria. A marca tratou bem isso porque qualquer pessoa, de qualquer país, qualquer cultura, olha para ela e entende o que ela quer dizer ? avaliou Beth.
O momento do pódio foi pensado também de acordo com as características de cada esporte.
? São três estilos de cerimônia. Os esportes foram agrupados em estilos específicos: informal, descolado e popular. É a mesma base musical, mas que vai adquirindo ritmos diferentes de acordo com a circunstância que aquele esporte pede ? analisou Beth.
Uma série de normas técnicas foi cumprida, já que há medidas específicas para o objeto. Ele também não pode ser muito pesado, já que precisa ser carregado rapidamente.
? Criamos uma peça de madeira, que é uma matéria muito presente em tudo o que a gente já faz. São elementos muito característicos da nossa cultura e identidade visual. E tudo sempre com a preocupação da sustentabilidade. A madeira é certificada ? acrescentou Beth.
Tudo o que foi planejado é o ornamento daquele instante esperado por todos os atletas que vieram ao Rio: a entrega das medalhas ? e, agora, das estatuetas.
? É praticamente um troféu. É como se o atleta ganhasse a medalha e também um troféu ? comparou.