RIO – A Comissão Especial é uma entidade responsável por escolher o filme brasileiro que vai tentar disputar uma vaga no Oscar. Ela é formada por integrantes ligados ao audiovisual. Neste ano, porém, a comissão se viu numa profunda polêmica, já que um de seus membros, o crítico de cinema Marcos Petrucelli, teceu críticas públicas contra o protesto da equipe de “Aquarius” em Cannes. Por ter disputado uma Palma de Ouro no festival francês, em maio, o longa de Kleber Mendonça Filho é considerado um forte candidato a representar o Brasil no Oscar 2017. Comissão Especial
A comissão viu a sua credibilidade enfraquecer ainda mais nesta quinta-feira, quando outro integrante, o cineasta mineiro Guilherme Fiúza Zenha, anunciou seu desligamento da entidade, alegando “motivos pessoais”. Além disso, os diretores Gabriel Mascaro (“Boi neon”) e Anna Muylaert (“Mãe só há uma”) anunciaram na quarta que não vão submeter seus filmes à análise da comissão, em solidariedade a “Aquarius” e em protesto contra o que consideram uma comissão parcial.
Este ano, a comissão é composta por nove nomes. Eles foram escolhidos pela Secretaria do Audiovisual, chefiada pelo economista Alfredo Bertini, diretor e idealizador do Cine PE. Bertini assumiu a secretaria no fim de maio, após decisão do ministro da Cultura, Marcelo Calero. Na época, cineastas pernambucanos repudiaram a escolha de Bertini, alegando que ele não “tem nenhuma representatividade e interlocução com os trabalhadores do audiovisual”. Um dos artistas que assinaram o manifesto foi justamente Gabriel Mascaro, que agora tirou “Boi neon” da disputa pelo Oscar. Quem é quem na Comissão Especial do Oscar
Tanto Guilherme Fiúza Zenha quanto Marcos Petrucelli estão, de alguma forma, ligados ao Cine PE. O primeiro teve o seu filme “O menino no espelho” exibido em competição em 2014, e novamente neste ano, fora de competição. E Petrucelli já foi jurado do festival pernambucano. Procurado, Alfredo Bertini não respondeu à reportagem até a publicação deste texto.
A atual Comissão Especial foi anunciada no início deste mês. Em nota, o Ministério da Cultura informou que “cabe à Secretaria do Audiovisual a indicação de nomes” e que “a escolha se deu após ouvidas entidades representativas do setor, que indicaram diretamente dois nomes, e com base em critérios como diversidade regional e representação de todos os segmentos da cadeira produtiva da indústria”. Os nove integrantes vão analisar os filmes inscritos e anunciar o representante brasileiro em 12 de setembro.
Na tarde desta quinta-feira, o MinC divulgou uma nota em que “reitera sua confiança na comissão de seleção do filme representante do Brasil no Oscar, bem como na isenção do processo de escolha”. Leia o comunicado na íntegra:
“O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, reitera sua confiança na comissão de seleção do filme representante do Brasil no Oscar, bem como na isenção do processo de escolha. A comissão é formada por nomes de reconhecida reputação e conhecimento técnico, que passaram, inclusive, pelo crivo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Destaca-se que a seleção do filme representante será feita à margem de critérios de natureza política, sendo inócua a criação de ambiente de pressão ou constrangimento com vistas a favorecer ou prejudicar qualquer produção. Passada a etapa de seleção, o Ministério estará engajado na torcida para que nosso filme figure entre os cinco finalistas.”