Cotidiano

99 recebe aporte de R$ 325 milhões da DiDi Chuxing

RIO – A 99, antiga 99Taxis e start-up de mobilidade urbana no Brasil, formalizou nesta quarta-feira acordo para receber R$ 320 milhões da chinesa DiDi Chuxing, dona da maior plataforma móvel de transporte do mundo e que adquiriu o Uber China em agosto de 2016. A asiática terá um assento no conselho de administração da empresa brasileira, oferecendo suporte nas áreas de tecnologia, desenvolvimento de produtos, operações e planejamento de negócios. Já a 99 vai perseguir a meta de levar seu serviço de motoristas de carros privados ? o 99Pop, que disputa mercado com concorrentes como Uber e Cabify ? às principais capitais do Brasil este nao.

? Estamos finalizando o acordo com a DiDi, que lidera o investimento superior a US$ 100 milhões, junto com outro grupo de investidores, cujo nome não podemos divulgar. Com o aporte, a meta é nos tornarmos líderes no segmento de motoristas de carros privados no país, como já somos em app de táxi. Vamos expandir o 99Pop de forma agressiva em 2017 ? diz Matheus Moraes, diretor de Políticas e Comunicação da 99, explicando que o aporte é resultado do fechamento de uma rodada de investimento na start-up.

O Rio, continua ele, é um mercado prioritário na rota de expansão da 99. E garante que a internacionalização do aplicativo, com atuação na América Latina, virá depois da consolidação no mercado brasileiro

? Estamos definido como será o fluxo de expansão. O Rio deverá estar já na primeira leva de capitais em que vamos chegar. O foco inicial é Brasil, sem previsão de quando vamos ampliar a operação ao resto da América Latina ? ponderou Moraes.

Criada em 2012, a 99, antiga 99Táxis, reúne hoje mais de 140 mil motoristas ? entre taxistas e os de carros privados ? em 550 cidades do Brasil. O aplicativo já foi baixado por dez milhões de usuários. O 99Pop, lançado menos de seis meses atrás, opera apenas na cidade de São Paulo. E aposta na robustez e expertise da empresa asiática para crescer. A DiDi tem 400 milhões de usuários distribuídos em 400 cidades chinesas.

?A China e a América Latina são os principais mercados emergentes do mundo, com grandes oportunidades para essa nossa indústria de mobilidade urbana. A parceria com a 99, líder do mercado brasileiro, permitirá que a DiDi comece a compartilhar seus produtos e sua capacidade operacional com comunidades e inovadores mais diversos, criando assim uma estrutura própria para a inovação, como previsto por nossos líderes durante o G20 Summit de 2016,? aponta Cheng Wei, fundador e CEO da DiDi Chuxing.

Perguntado sobre o conflito entre os dois segmentos, de táxi e de motoristas de carros privados, Moraes argumenta que a maior oferta de modais garante mais passageiros a todos os serviços:

? É preciso pensar como um funil se abrindo. Se existe apenas o serviço de táxi, vem um determinado número de passageiros. Com outros modais, o número de passageiros cresce. No fim do dia, a experiência mostra que crescem também as corridas para táxi ? diz o executivo da 99, destacando que o app dá acesso aos dois serviços em uma única tela.

No Rio, um dos mercados-alvos para a 99, a regulamentação do serviço é permeada por protestos de taxistas e disputa judicial. No fim de novembro, o ex-prefeito Eduardo Paes sancionou a lei que restringe o transporte de passageiros em carros particulares a taxistas. A legislação, contudo, não vigora, suspensa por uma liminar obtida pela Uber na Justiça.

? Nós entendemos que a atividade, pela legislação federal, é permitida no Brasil. Ela merece e precisa ser regulada pelos governos municipais, mas já é legal ? pondera Moraes.

A 99, continua ele, opta pela postura mais colaborativa. Tem, por exemplo, um acordo de cooperação com a Prefeitura do Rio, fornecendo dados sobre mobilidade em táxis na cidade.