BRASÍLIA – O presidente Michel Temer disse que a elevada proporção de votos brancos, nulos e abstenções nas eleições municipais no país deve abrir a discussão, dentro da reforma política, sobre a obrigatoriedade de votar. Ele afirmou, porém, que a eventual adoção do voto facultativo tem de ser acompanhada de esclarecimentos sobre a importância de eleger representantes. As declarações foram dadas nesta sexta-feira em entrevista na Rede TV.
– Talvez fosse o caso de começar a examinar a hipótese do voto facultativo. Evidentemente que isso tem de ser acompanhado com a pregação da cidadania – afirmou Temer, para quem o voto funciona como uma ?procuração? dada pelo cidadão a quem o representará.
– Acho que há naturalmente um mal-estar com a classe política. E muitas vezes a crítica vem pelo silêncio, pela abstenção, pelo voto nulo.
Temer defendeu que é ?preciso refazer os costumes políticos?, mas jogou para o Legislativo a tarefa de avançar no tema por meio da aprovação da reforma política. Segundo ele, o ?Executivo quer que isso aconteça?, referindo-se à reforma, ?mas tem que ser pelo Congresso Nacional?.
O presidente disse que o governo não deixará de executar as políticas sociais, citando o reajuste e a manutenção do Bolsa Família, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Cartão Reforma, a ser lançado pela União para que famílias carentes possam reformar a moradia com empréstimos subsidiados e a fundo perdido. Temer voltou a negar que a PEC que congela os gastos do governo por 20 anos afetará os mais pobres. Ele explicou que o teto é geral, mas haverá flexibilidade para tirar recursos de uma área e colocar em outra.
– Seria me chamar, me permita a expressão forte, de idiota – afirmou Temer, sobre os boatos de que o governo iria cortar o Bolsa Família.