NOVA YORK ? Em uma eleição marcada pelos erros dos institutos de pesquisa, a onda verde prevista por eles tomou de fato os EUA com a legalização, anteontem, em referendos populares, do uso recreativo da maconha na Califórnia, em Massachusetts e em Nevada; e medicinal na Flórida, em Dakota do Norte e no Arkansas, com margens de 60% dos votos, em média. Em Montana, os eleitores anularam as restrições que existiam ao uso medicinal. Até o fechamento desta edição, só o Arizona destoava, com a reprovação, por 52%, da descriminalização da cannabis.
? A Califórnia já era a maior produtora de maconha dos EUA, e, no mercado negro, já se tratava de um produto significativo para a sexta maior economia do planeta ? diz Paul Armentano, diretor da Organização Nacional pela Reforma das Leis da Maconha. ? A aprovação da Proposta 64, por 55,8% dos votos, regularizou o mercado, tornando-o transparente, passível de fiscalização e submetido a taxação, o que deve gerar até US$ 1 bilhão.
É a maior vitória para os defensores das medidas desde a pioneira votação, no Colorado e em Washington, em 2012. O governo federal considera a droga ilegal, mas militantes apostam no voto da Califórnia como um divisor de águas.
? O próximo passo é acabar com a proibição em todo o país e, quem sabe, mundo afora ? afirmou o diretor-executivo da Aliança de Política para as Drogas, Ethan Nadelmann.
A vitória dos republicanos, no entanto, diminui as chances de que isso aconteça. Dois dos nomes favoritos para a administração Trump, o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani e o governador de Nova Jersey, Chris Christie, são contra a ideia.
Em relação ao controle do uso de armas de fogo, enquanto Nevada aprovou maior rigidez, o Maine o derrotou. Novas medidas de controle passaram na Califórnia e em Washington. Quanto à pena de morte, Nebraska a reinstituiu, e Oklahoma aprovou medida que praticamente impede seu fim. O Colorado vetou a criação de um sistema público de saúde, e a Califórnia decidiu que atores pornôs não precisam usar camisinha nos filmes.