Shenzhen ? A maior empresa de entregas de encomendas da China, S.F Express, estreou na bolsa de valores e aumentou seu patrimônio líquido em US$ 2 bilhões por dia. Com isso, o fundador da companhia, Wang Wei, se transformou no terceiro homem mais rico do país, informou a Bloomberg.
Wei iniciou a operação da sua empresa em 1993 através da fronteira entre Shenzhen, no sul da China, e Hong Kong. Ele fundou a S.F. Express com um empréstimo de U$ 13 mil de seu pai, iniciando o negócio com cinco funcionários e ele e contando com apenas uma van. “Quando a S.F. começou a realizar entregas na década de 90, ainda era um negócio ilegal chamado “black delivery”, disse Wang a um veículo oficial da China em 2011, a única entrevista pública que ele concedeu em 20 anos. “De acordo com a regulamentação da época, nós seríamos multados se fôssemos pegos pelos correios, por isso, tivemos que trabalhar com entregas escondidos”. O empresário chinês nasceu em 1971 em Xangai e se mudou para Hong Kong ainda criança. Ele é filho de um tradutor russo da força aérea do Exército de Libertação Popular, de acordo com o The Independent.
Atualmente, Wei é o presidente da empresa mais valiosa na bolsa de Shenzhen e aparece à frente de Pony Ma, executivo-chefe da Tencent, na lista dos mais ricos do país. E está atrás apenas do fundador do Dalian Wanda Group, Wang Jianlin,e do presidente do conselho de administração do Alibaba Group, Jack Ma, segundo dados da Bloomberg. Espera-se que o S.F. Express gere receita líquida de U$ 2,8 bilhões este ano, de acordo com um levantamento das previsões dos analistas da Bloomberg.
A S.F Express iniciou sua operação nos anos 90, quando apenas os correios chineses tinham permissão para distribuir pacotes. A empresa de entrega de Wang trabalhou às sombras da fronteira entre a China e Hong Kong por 16 anos até que o governo permitiu seu funcionamento.
O lançamento oficial da S.F Express na bolsa de valores de Shenzhen aconteceu na semana passada, mas com aprovação e rápida ajuda do governo em dezembro do ano passado, proporcionando um aumento de 59% nas ações do grupo S.F. Holding Co., e dando a Wang um patrimônio líquido de US$ 26,5 bi no índice de bilionários da Bloomberg.
O lançamento das ações aconteceu no mesmo dia que Wang concedeu um bônus aos funcionários da S.F. Muito deles utilizaram o extra para comprar ações da empresa, o que contribuiu para o aumento do preço da ação, devido a quantidade relativamente pequena de ações sendo negociadas.
Wang e cinco outros bilionários da entrega, incluindo o fundador da ZTO Express Inc. (que estreou na bolsa de valores de Nova York em outubro), têm visto suas fortunas aumentar nos últimos cinco meses. Juntos eles já possuem uma riqueza de US$ 47 bi. Todos eles fazem parte do boom de compras onlines lideradas por Alibaba Group Holding Ltd.,com a empresa de Wang sendo a líder das receitas entre os concorrentes.
Com a expansão dos negócios, os concorrentes estão se acumulando, reduzindo as margens de lucro e se consolidando na indústria apenas duas ou três empresas-chaves – como FedEx Corp., United Parcel Service Inc. and DHL Express em outros lugares. A corrida para arrecadar dinheiro e expandir-se para as cidades pequenas da China determinará quais empresas sobreviverão a um eventual abalo.
“O setor passou por uma primeira fase de crescimento vigoroso”, disse Su Baoliang, analista da Sinolink Securities Co. com sede em Pequim, que estima que o crescimento da receita desacelerará para 15% nos próximos dois a três anos em relação à taxa atual de 40%. “As empresas têm de aumentar a eficiência operacional. Caso contrário, elas serão deixadas de lado ou adquiridas por concorrentes”
No entanto, as empresas chinesas também contam com oportunidades: Jack Ma da Alibaba prometeu ao presidente dos EUA, Donald Trump, criar empregos nos Estados Unidos ao ligar um milhão de pequenas empresas americanas a compradores chineses. São entregas em potenciais para a indústria chinesa.
“Não só na década passada, mas nos próximos anos também será uma época de ouro para o desenvolvimento dos correios chineses”, disse John Song, diretor de logística e transporte na China da consultoria Deloitte, com sede em Xangai. “Há um enorme potencial no desenvolvimento desses entregadores chineses.”
O governo chinês não permitia os serviços de entrega privada até 2009, mas desde então tem incentivado a concorrência e auxilia a consolidação. Houve uma diminuição dos custos operacionais na década passada combinada com a entrada de mais concorrentes no mercado, o preço médio da entrega de um pacote caiu 57%, 12,8 Yuan (US$ 1,86), de acordo com a agência de regulação postal chinesa. Nos EUA, o preço por pacote é de US$ 10.