BRASÍLIA ? Em busca de ampliar seu espaço no governo, parte da bancada do PMDB passou a fazer lobby para que o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) seja nomeado ministro da Justiça. Ele é advogado criminalista e será indicado para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O presidente Michel Temer, no entanto, já avisou que a escolha do novo ministro se dará no ?plano pessoal?.
A insatisfação dos peemedebistas com o que consideram uma perda de espaço no governo tem sido levada ao presidente Michel Temer pelo líder Baleia Rossi (PMDB-SP). Nesta terça-feira, os deputados do PMDB estiveram com Baleia justamente para se queixar disto.
? A conversa foi sobre o descontentamento, porque a bancada está sem nada. Já tivemos sete ministros de Minas em governos anteriores, hoje não temos nenhum. A bancada de Minas é grande. O Rodrigo tem todo o perfil para ser ministro, ele é criminalista, muito competente. Isso já atenderia em parte a bancada ? afirma o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), que chegou a ser ministro no final do governo Dilma Rousseff.
? Ele merece, é um cara preparadíssimo. Minas se sente honrada de apoiá-lo ? disse Leonardo Quintão (PMDB-MG).
Questionado sobre sua possível indicação pela bancada do PMDB ao cargo de Ministro da Justiça, o deputado Rodrigo Pacheco se disse ?honrado? com essa possibilidade, porém, foi cauteloso:
? Fico contente com a indicação dos colegas, mas temos que ver. Até agora não recebi nada oficial. Prefiro não comentar por enquanto porque acho que é uma decisão do presidente (Temer) ? disse.
O PSDB também reivindica a vaga, já que Alexandre de Moraes, agora indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), é um quadro do partido. Pela lógica dos tucanos, a ida de Moraes para a Corte ocorre a partir de uma escolha pessoal de Temer, e não por meio do PSDB. Assim, os tucanos pretendem influenciar a nomeação do substituto de Moraes na Justiça.
No PMDB, apesar da tentativa de indicar o novo Ministro da Justiça, há o discurso de que ?somente? esta pasta não resolveria o problema da bancada. Outro cargo pelo qual o PMDB na Câmara pretende brigar de forma mais enfática é a liderança do governo. A avaliação de integrantes da cúpula do partido é de que a bancada estaria pleiteando a vaga para levar outro espaço em troca.
? É um espaço de prestígio, mas não de execução de políticas que ajude as bases, os prefeitos, não é um ministério que dá voto. Todo espaço que fica vago a bancada quer lançar candidato. Pode ser um balão de ensaio para pressionar por uma coisa e levar outra. O fato é que o partido está se sentindo desatendido mesmo ? afirma um ministro do PMDB.
Rodrigo Pacheco atuou na defesa de um dos executivos do Banco Rural no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Ele defendeu Vinicius Samarane, que era vice-presidente do banco e acabou condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. Samarane está atualmente no regime semiaberto.
Pacheco atuou no caso junto a Maurício Campos. A sustentação oral no plenário do STF foi feita por Campos. A defesa argumentou que Samarane não tinha poder de decisão sobre os fatos investigados porque, na época do fato, era “apenas” diretor no banco. Durante o julgamento, o relator do caso destacou que, enquanto o processo transcorreu, Samarane chegou a vice-presidente da instituição, o que reforçaria seu envolvimento com os ilícitos praticados. O STF condenou a cúpula do banco por ter feito empréstimos fictícios ao empresário Marcos Valério e por ter auxiliado no esquema de saques de recursos na boca do caixa para integrantes do esquema.
Pacheco não quis comentar sua atuação no caso.
? Tenho quase vinte anos de atuação como advogado em Minas e prefiro não falar dos casos profissionais em que atuei.