A levantadora Dani Lins, de 32 anos, do Vôlei Nestlé, de Osasco, e da seleção brasileira, vai dar um tempo. Ela já decidiu que após a Superliga vai tirar ?um ano sabático”, sem vestir a camisa do Brasil. Assim, se prepara para realizar um sonho antigo e que foi adiado por causa dos vitoriosos ciclos olímpicos, desde 2008: ser mãe. Com isso, o técnico do Brasil, José Roberto Guimarães terá mais uma baixa no grupo que iniciará novo trabalho de olho nos Jogos de Tóquio-2020.
? Ainda vou falar com ele mas decidi usar esse ano, que é mais vago em relação às competições internacionais, para tentar engravidar e ficar mais tempo com o meu marido. O Sidão passou por duas cirurgias no ombro e também quer a minha companhia, quer curtir a gente. Pretendo descansar e viajar ? explica Dani, que hoje lidera o Osasco em partida contra o Terracap/Brasília, às 21h30, no ginásio José Liberatti, em Osasco (com transmissão do Sportv).
Com isso, a lista de atletas que estariam fora da seleção em 2017 aumentou: a meio de rede Fabiana e a oposta Scheila se aposentaram logo após a eliminação do Brasil pela China nos Jogos do Rio. A líbero Camila Brait, cortada às vésperas da competição, também disse que gostaria de ser mãe e que não voltaria à seleção.
? Tenho o sonho de ser mãe e está na hora. Minha intenção é voltar em 2018 para o Mundial que ainda não conquistamos. Não vou parar, só vou dar um tempo. Até porque também quero disputar mais uma Olimpíada. Mas isso é o que quero. É preciso esperar para ver se vai dar certo, se Deus também quer ? afirma a jogadora, que vai esperar o final da Superliga para colocar o plano em prática. ? Desde 2009 não faltei com o Zé Roberto, aceitei todas as convocações e me dediquei ao máximo. E desde então não tenho um mês de férias para viajar com o meu marido. O máximo eram duas semanas e ainda assim nem sempre coincidia com as dele.
RECUPERAÇÃO
Sidão apoia a decisão da esposa. Ele já é pai (do primeiro casamento) e está feliz com a ideia de ter filhos com a levantadora, com quem está junto há sete anos. Ele também acredita que esse é o momento:
? A Dani quer e quer esse ano. Ou seja, é a época certa. O início do ciclo olímpico facilitaria e por isso já disse a ela que deve falar o quanto antes com o Zé Roberto. Para ele não ficar chateado ? comenta Sidão, que promete dedicação. ? Ela é apaixonada pelo que faz. Se tudo der certo, poderá voltar à seleção no ano que vem, caso seja a vontade de Zé Roberto. E eu vou adorar cuidar da criança. Ela sabe disso, que os dois estarão juntos nessa.
A temporada da seleção feminina é enxuta e começa em julho, com a disputa do Grand Prix. O ano terá ainda a Copa do Mundo. Não há Mundial (será em 2018) nem Olimpíada (2020).
? Sei que minha posição é muito importante. E por isso, essa pode ser a oportunidade das meninas jogarem, Roberta e Naiane, que já foram convocadas. Rodagem é importante.
Sidão, que foi cortado da seleção masculina nos Jogos de 2016, admite que ter um filho agora seria um baita incentivo para ele também. O central precisou operar novamente o ombro direito há cerca de quatro meses. E desta vez, a interferência foi mais severa, já que rompeu dois ligamentos. Ele luta para voltar a jogar.
? Foi punk. Meu ombro caiu quando ataquei uma bola. Desmaiei várias vezes. Parecia que tinham arrancado o ombro ? lembra o atacante, que mesmo sem jogar há dois anos, é contratado pelo Sesi, de São Paulo. ? Agora que comecei a fazer musculação. Como me cuido e quero voltar a jogar em alto nível, estou correndo atrás. E o apoio da família faz diferença.
Dani, que conta que o casal se preparou para a maternidade, inclusive financeiramente, admite que tem um único receio. E não é voltar à forma:
? Porque eu sei que conseguirei. O receio é não engravidar rápido. E, depois, viajar sem a criança. Mas sei que posso contar com o Sidão que não deve voltar à seleção. Infelizmente.
Ao Globo, Zé Roberto não quis comentar sobre seleção nesse momento em que a Superliga está sendo disputada. Comentou apenas que o ano pós-Olimpíada é assim mesmo. E que vai esperar falar com as atletas antes de ?sofrer por antecipação?. Afirmou que sabe que atletas pedirão um ano de descanso ou que contarão sobre o plano de gravidez e que faz ?parte do jogo”.
Além da partida do Osasco, a quinta rodada do returno da Superliga terá hoje outros quatro jogos: às 19h30, o líder Rexona-Sesc enfrentará o Pinheiros, no ginásio do Tijuca, o Valinhos/Country recebe o São Cristóvão Saúde/São Caetano; e Dentil/Praia Clube jogará com o Sesi, em Uberlândia (MG). Na sequência, às 20h, o Camponesa/Minas medirá forças com o Rio do Sul.