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Olimpia: outro alvinegro campeão da Libertadores no caminho do Botafogo

Depois de passar pelo Colo Colo, do Chile, o Botafogo vai enfrentar mais um alvinegro em sua tentativa de avançar à fase de grupos da Libertadores. Na noite desta quinta-feira, o Olimpia, do Paraguai, dono de três títulos da competição (1979, 1990 e 2002), conseguiu a classificação diante do atual vice-campeão Independiente del Valle, do Equador, graças a um gol do experiente Roque Santa Cruz, ex-Bayern de Munique de 35 anos, a nove minutos do fim do jogo. O jogo emocionante terminou 3 a 1 para o Olimpia no Defensores del Chaco, que estava lotado. Na partida de ida, o time equatoriano havia vencido por 1 a 0.

A partida serviu também para o time de Jair Ventura conhecer melhor seu adversário da próxima quarta-feira, quando o Botafogo recebe o Olimpia no Engenhão. O time é comandado pelo uruguaio Pablo Repetto, justamente o treinador que comandou o heroico vice-campeonato do Del Valle no ano passado. Na ocasião, o clube pouco tradicional eliminou os gigantes argentinos Boca Juniors e River Plate. Apesar da casa cheia e muita cantoria no Defensores de Chaco, o temido palco do futebol paraguaio não parecia mais hostil do que o Estádio Monumental David Arellano, em Santiago. Na entrada dos times ontem, os jogadores foram recepcionados por um queima de fogos, mas a cantoria só cresceu no segundo tempo.

DESTAQUES DO TIME: MOUCHE E BENÍTEZ

Em campo, o time paraguaio soube se impôr e mostrou peças perigosas, mas também suas fragilidades. Embora fosse superior tecnicamente e mais organizado, foi incapaz de garantir a classificação sem sustos. Com a camisa 7, o argentino Pablo Mouche, emprestado pelo Palmeiras, é quem tem mais liberdade para flutuar na frente do centroavante Brian Montenegro. Habilidoso, Mouche cai pelos dois lados e é também o responsável pelas cobranças de falta e escanteio. Quem divide com ele a responsabilidade de criação é Julián Benítez, que foi o grande nome da partida.

O atual vice-campeão paraguaio (tanto do Apertura quanto do Clausura em 2016) abriu o placar logo aos oito minutos justamente com Benítez. Ele cruzou na área e atacantes e zagueiros não conseguiram alcançar a bola, o que enganou o goleiro Adrián Bone, que vivia noite confusa e apenas observou a rede balançar. O gol classificava o Olimpia, que não parou de atacar. Se o gol de abertura teve um pouco de sorte, Benítez confirmou sua capacidade técnica aos 26. Em jogada de muita inteligência, ele deu um milimétrico passe encontrando Brian Montenegro sozinho na área. De primeira, o centroavante só teve o trabalho de chutar para ampliar: 2 a 0. Parar Benítez e Mouche é fundamental para o sucesso do Botafogo.

JOGO PISCOLÓGICO PARA DESESTABILIZAR

Ao jogar em casa, o Olimpia tem um esquema que lembra a equipe de Jair Ventura. São três volantes, AlexiS Fernández mais preso à marcação, o ex-gremista Christian Riveros e Richard Ortíz. Nas laterais, Rodi Ferreira, pela direita, é quem mais avança e chega à linha de fundo, enquanto Fernando Giménez sobe com menos frequência ao ataque. Uma das formas que o time paraguaio fez para controlar o Del Valle foi enervando Gabriel Cortéz, camisa 10 que dava um toque de qualidade no pouco criativo time equatoriano. Inexperiente com seus 21 anos, ele caiu na pilha dos adversários. Ainda no primeiro tempo, levou o cartão amarelo e esteve perto de ser expulso. No segundo tempo, já nos minutos finais, o Olimpia conseguiu forçar a expulsão de atacante Jacson Pita em disputa de bola na linha de fundo.

O time paraguaio corria poucos riscos até um erro infantil do goleiro Librado Azcona. Homem de confiança de Repetto, ele estava no Del Valle até a temporada passada e chegou ao Olimpia com o treinador. Aos 44 minutos do primeiro tempo, numa cobrança de falta pela faixa esquerda do campo, Cortéz bateu em direção à pequena área e Azcona aceitou. Para os jogadores do Botafogo, pode ser interessante arriscar chutes para abalar a confiança de um goleiro que acaba de falhar grotescamente. Com o 2 a 1, a equipe equatoriano conseguia uma heroica classificação naquele momento.

A partir daquela gol, o Olimpia tinha a obrigação de marcar. A torcida incendiou o jogo, mas, em campo, os donos da casa abusavam de erros. Se fazia um bom jogo até aquele momento, Benítez e Mouche passaram a precipitar finalizações. Ferreira avançou muito, mas pouco produziu. A defesa equatoriana dificultou a vida de Montenegro. Entre os 27 e os 35 minutos, o técnico tirou Cañete e Fernández e colocou Santa Cruz e o jovem Walter Bogado, de 17 anos. O resultado demorou veio aos 36, quando Bogado, como uma ponta pela esquerda, fez um cruzamento perfeito e Santa Cruz, entre os zagueiros, cabeceou com categoria para fazer 3 a 1. O gol decretou a classificação do Olimpia para a terceira fase e um novo confronto de tradicionais alvinegros para o Botafogo.

TIME BASE DO OLIMPIA

Librado Azcona, Rodi Ferreira (César Benítez), Hernán Pellerano (Saúl Salcedo), José Cañete e Fernando Giménez; Alexis Fernández (Jonathan González), Cristian Riveros, Richard Ortíz e Julián Benítez; Pablo Mouche e Brian Montenegro (Sebástian Ferreira).