SÃO PAULO. Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolaram representação para que o procurador-geral da República apure eventual abuso de autoridade por parte do delegado Igor Romário de Paula, que, em entrevista ao UOL no dia 27 de janeiro, afirmou que o ?timing? para prender o líder petista pode surgir em 30 ou 60 dias. De acordo com a defesa, houve violação dos direitos constitucionais de Lula, ?comportamento que fere a ética e a responsabilidade institucional da Polícia Federal?.
Nota distribuída pelos advogados do petista lembra que, na época da divulgação da entrevista, a mulher de Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letíca, estava internada por causa de um AVC. ?O arroubo midiático do delegado ignorou o estado de dona Marisa Leticia, em coma após o AVC que sofreu, um total desrespeito à sua condição. Registra-se que esse é mais um de vários abusos cometidos pela operação contra Lula e seus familiares?, afirma nota distribuída pelos advogados de Lula.
A petição também diz que, em 2014, o delegado Igor de Paula fez campanha para o então candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves. Além dos advogados de Lula, a representação também é assinada por outros profissionais do Direito.
Na entrevista publicada pelo UOL, Igor de Paula é questionado sobre uma declaração dada por outro delegado, Maurício Moscardi Grillo, que, em entrevista à revista ?Veja?, havia afirmado que a PF havia “perdido o timing” para prender o ex-presidente. ?É complicado falar em perder timing. Os requisitos para uma prisão preventiva são bastante objetivos. Lá atrás, na fase 24 da Lava Jato, quando houve a representação do Ministério Público [pela condução coercitiva de Lula, em março], não existiam os requisitos para um pedido de prisão do ex-presidente. Não acho que a gente perdeu o timing. Esse timing pode ser daqui a 30 dias, a 60 dias. A investigação que envolve o ex-presidente Lula é muito ampla?, respondeu o delegado-chefe da Lava-Jato.