BRASÍLIA – A falta de acordo na disputa ferrenha pelo comando das 11 comissões permanentes do Senado está atrasando a formulação da pauta de votações. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) fez um apelo nesta terça-feira para que os líderes dos partidos se entendessem e as comissões pudessem ser instaladas. Mas, sem acordo, foi tudo adiado para a semana que vem. Na disputa, os dois maiores partidos, PMDB e PSDB brigam agora pelo comando da Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).
O Democratas, peça fundamental para a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff reclama que o comando do PMDB está ?escanteando? a legenda e paparicando o PT, maior partido de oposição ao governo. Por outro lado, também reclama que o líder do PMDB, Renan Calheiros, está beneficiando o senador Fernando Collor (PR-AL), que vai ficar na presidência da Comissão de Relações Exteriores (CRE), por ser aliado em Alagoas.
Pelos acordos firmados por Renan, que dirige a maior bancada e tem preferência nas escolhas das comissões, o PMDB ficará na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Comissão de Infraestrutura (CI), Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e briga com o PSDB pela CMA. O PMDB cedeu ao PSDB a segunda escolha e o partido ficou com a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), mas o senador Ataides Oliveira (PSDB-TO), segundo líderes presentes na reunião, ?botou o pé na porta? e quer por quer comandar a CMA, que caberia ao PMDB. Na reunião Renan pediu ao líder tucano Paulo Bauer para pedir a intervenção do presidente Aécio Neves (MG) para resolver a pendenga com Ataídes.
? Fiz um apelo aos líderes para que finalizem os acordos e instalem as comissões o mais rapidamente possível. As comissões precisam funcionar para mandar matérias para serem votadas no plenário. Temos que aprovar uma agenda Brasil para destravar e economia e a geração de emprego e renda ? apelo Eunício.
A distribuição das comissões é feita pelo tamanho das bancadas. Mesmo tendo só quatro senadores, o Democratas tentou negociar um acordo com o PSDB e PMDB para que pudesse ficar com a CRE. O presidente do Democratas, José Agripino Maia disse que não faltou ao DEM solidariedade do PSDB, mas o acordo esbarrou no PMDB e ?por razões alagoanas? Renan preferiu Collor.
Ao PT também caberá o comando de duas comissões importantes: a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos (DGH), uma espécie de feudo do senador Paulo Paim (PT-RS), e a Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR). A Comissão de Educação (CE) será comandada pela senadora Lúcia Vânia (PSB-GO). Ao Democratas coube o comando da desconhecida Comissão do Futuro.
? É meio que uma síndrome de Estocolmo. O PMDB ao invés de proteger os aliados, deixa o Democratas escanteado e o PT tão bem contemplado. A distribuição é pelo número de senadores, mas faltou sensibilidade e reciprocidade . Não existiu nenhum gesto de amizade para um partido que foi determinante no impeachment ? lamentou o líder Ronaldo Caiado (GO).
? Nós fizemos uma proposta para que o PSDB exercesse dua 8* escolha já sabendo que o PT não iria querer a Comissão de Relações Exteriores. Nós pedimos para ficar com a CRE, mas o Renan, por razões alagoanas, preferiu o Collor ? disse Agripino.