Cotidiano

Com fluxo enorme de ilegais, Itália sofre com exigências da UE

FILES-LIBYA-EUROPE-MIGRANTS-GQK30H26K.1.jpgBRUXELAS ? Linha de frente da resposta europeia à chegada de imigrantes pelo mar, a
Itália vê o drama crescer exponencialmente em seu território. O número de
pessoas chegando à costa superou 500 mil de 2014 até o mês atual. No triênio
anterior, foram 119 mil. A situação é ainda mais delicada desde que a União
Europeia (UE) forçou o país a cumprir integralmente o processamento de cada
pedido nas chegadas em massa.

? Tudo mudou ? resumiu Angelo Trovato, presidente da comissão nacional pelo
direito ao asilo.

Em sua sala, ele comanda as equipes que avaliam os
pedidos das dezenas de milhares de migrantes chegando aos portos no Sul do país,
a maioria resgatada no Mar Mediterrâneo. Antes, eram dez escritórios. Hoje, são
48.

Para cumprir com os requerimentos da UE, a Itália foi
obrigada a criar vários novos centros de recepção (chamados de
hotspots) e processar todos os pedidos de asilo (que, até 11 de
novembro, ultrapassavam 104 mil). Cada procedimento dura em média cem dias, mas
os apelos dos rejeitados podem durar anos e são custeados pelo Estado ? juízes
têm sido transferidos de varas cíveis para lidar com os casos migratórios.

A UE prometeu recentemente realocar 40 mil solicitantes
de asilo a outros de seus países, mas até agora só 1.758 foram redistribuídos.
Vários membros do bloco se recusaram a recebê-los, o que fez o premier Matteo
Renzi ameaçar suspender pagamentos à UE se os colegas não ?demonstrassem maior
solidariedade?. O país estima gastar ? 3,9 bilhões em 2017 com a imigração, o
triplo do investido em 2013.

? Estamos irritados. O que mais me incomoda é a obsessão
com os hotspots, como se fossem solução para o fracasso da UE em criar
verdadeiras políticas imigratórias ? criticou Mario Morcone, responsável pelos
novos centros.