MEDELLÍN – Os três jogadores da Chapecoense e o jornalista da cidade que sobreviveram à queda do avião praticamente não correm mais risco de morte. A informação foi da própria Chapecoense, na manhã desta quinta-feira. O quadro clínico deles ainda é considerado grave e não há previsão de alta. A situação mais crítica é a do goleiro Jackson Follmann, que teve parte da perna direita amputada e passou por nova cirurgia. Mas ele não corre o risco de nova amputação.
Segundo o hospital, o ferimento na perna esquerda do goleiro evolui a ponto de estar descartada uma nova amputação.
O zagueiro Neto, último dos resgatados, oferece boas perspectivas de melhora, e o lateral Allan Ruschel, após uma cirurgia na coluna vertebral, movimenta normalmente braços e pernas. O jornalista Rafael Henzel teve um trauma no tórax e fraturou uma das pernas. Sua evolução é boa, mas ele segue entubado, de acordo com o médico Carlos Henrique Mendonça, que foi à Colômbia acompanhar os sobreviventes. Alan Rushel, Neto e Henzel foram transferidos ontem para o hospital San Vicente, onde já estava Follmann.
Apesar da situação relativamente positiva, Mendonça ainda avalia o estado dos atletas como “crítico”.
– Nem eles nem o jornalista têm trauma craniano grave. Todos têm expectativa de sobreviver, mas ainda correm risco. O estado é crítico, e eles ainda precisam fazer procedimentos cirúrgicos estabilizadores. A maior preocupação é com o risco de infecção, porque eles foram encontrados nos destroços do avião em meio à lama, o que pode levar a complicações como uma sepse (infecção generalizada) – explicou o médico do clube.
O ortopedista lembrou que o zagueiro Neto foi socorrido seis horas após o acidente, numa temperatura de dois graus. Ele disse que Neto só sobreviveu porque entrou em quadro de hipotermia, o que contribuiu para reduzir o fluxo sanguíneo e cerebral. O impacto do trauma chegou a arrancar parte do couro cabeludo do atleta.
– Ele foi ejetado para fora do avião, teve múltiplos traumas, mas a cognição e o neurológico estão se comportando bem. Também teve uma fratura na coluna, que a princípio é estável e não vamos mexer agora – disse o médico.
Já o lateral Alan Rushel passou por uma bem-sucedida cirurgia de coluna, e o risco de ficar paraplégico está afastado. – A medula se manteve intacta e ele não ficou paraplégico. Foi quase um milagre – avaliou o médico. – Mas tem que fazer uma fixação muito grande e nem todos os atletas nessas condições conseguem voltar a jogar.
O jornalista Rafael Henze precisará ser submetido a uma operação no tórax.
– Ele tem uma contusão pulmonar muito importante. A caixa torácica precisa ser estabilizada – disse M endonça.
O goleiro reserva Jackson Folman segue estável.
-Ele teve a perna amputada abaixo do joelho. A outra perna está sendo avaliada porque perdeu uma parte do osso e também teve uma fratura escapular – concluiu o médico.