RIO ? Uma das celebrações de cultura popular mais famosas no país, a Festa de Iemanjá, que acontece todo dia 2 de fevereiro no Rio Vermelho, em Salvador, ganhou há cinco anos um motivo que a incluiu no circuito obrigatório de qualquer fã de música brasileira contemporânea. Entre os milhares de fieis que depositam suas oferendas na Baía de Todos os Santos, cantores, instrumentistas, poetas, artistas visuais e DJs fazem apresentações gratuitas no meio da rua, numa grande oferenda coletiva de arte ? e sem receber nada por isso.
? É emocionante orquestrar um coletivo deste. Este ano chegamos a nossa sexta edição, com sete shows e 12 Djs, mais uma centena de artistas performando, batucando, cantando, se doando por um movimento de fé e de muita vontade é muito amor à arte. Tem gente de todas as partes do nosso país, artistas das mais diversas linguagens e todos com o mesmo propósito. Existe um entendimento de todos, estamos na mesma onda. A pergunta é ?o que nos move?? ? diz o produtor cultural Luiz Ricardo Dantas, organizador do Festival Oferendas.
O festival tem início na noite de hoje, e acontece no Lalá, uma espécie de casa de shows com arquitetura inspirada em espaços europeus que consegue converter a fachada em um palco aberto no meio da Praia do Rio Vermelho, para delírio do público. Os shows atravessam a madrugada com Kiko Dinucci (com a participação das cantoras Juçara Marçal, Ava Rocha, Iara Renó e Alessandra Leão); Cibelle e Márcia Castro (que terá como convidados Lucas Santtana e a paraense Luê). Márcia vai lançar a música ?Boneca?, do seu próximo disco, e a noite ainda promete algumas parcerias-surpresa ? em anos anteriores, o grupo paulistano Meta Metá fez show com Matheus Aleluia, lendário compositor do Recôncavo Baiano.
? Tenho muito carinho pelo Lálá e pelo Oferendas, já faz quatro anos que participo. É uma festa pra rua. É um presente pra Salvador, embora sempre aconteça na raça, sem grandes patrocínios ou apoio do poder público, está se firmando como uma grande atração na semana do dia 2 de fevereiro, ao contrário de eventos fechados que veremos nesse ano. A festa de Iemanjá é da rua. A importância do Lálá se entende para o ano todo, incentivando a vida cultural da cidade, é um patrimônio ? diz Kiko Dinucci, dos principais nomes do evento este ano.
A noite se encerra com o ?Cortejo das Oferendas?, quando os artistas saem do palco, em procissão, cantando e dançando. Eles seguem do Lálá até o mar levando uma imensa alegoria de sereia feita de bambu e papel de seda biodegradável para oferecer à Iemanjá. Na madrugada, por volta das 4h30 do dia 2, tem início a alvorada do festival, ao som dos batuques do percussionista Ícaró Sá e convidados. Ao meio-dia, o Coletivo NozMoskada, grupo que faz eventos focados em música brasileira em Salvador, dá início às apresentações da tarde, que terá ainda um show do clássico compositor baiano Jerônimo Sodré e do cantor Bruno Capinan, com o show ?Sereios? , com convidados como Luana Carvalho, Giovani Cidreira, Arthur Nogueira, Lukash e Karina Buhr. A banda I.F.Á. Afrobeat encerra a noite com as cantoras Larissa Luz, Anelis Assumpção.
Sem qualquer patrocínio, o festival acontece pelo sistema de crowdfunding pelo segundo ano consecutivo.