Cotidiano

Apagão deixou mais de um milhão de unidades sem energia no Paraná

Apagão deixou mais de um milhão de unidades sem energia no Paraná

Cascavel – Um apagão de energia elétrica deixou muitas pessoas “no escuro” na manhã de ontem (15) em todo o Brasil, afetando também o Paraná e Cascavel. O problema ocorreu por volta das 8h30 e, de acordo com informações da Copel, ocorreu porque o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) realizou um corte de carga em diversos estados do Brasil em função de um problema na interligação do sistema elétrico entre as regiões Norte – Nordeste e Nordeste – Sudeste.

Esse mecanismo de corte de carga é conhecido como “Esquema Regional de Alívio de Carga” e atua preventivamente, quando necessário, para evitar impactos maiores no funcionamento do sistema elétrico nacional. O corte de carga provocou o desligamento de energia em diversos estados e, no Paraná, afetou dezenas de cidades. Durante toda a manhã as equipes da Copel trabalharam para concluir a religação de todas as unidades consumidores no estado.

A recomposição do sistema de energia elétrica ocorreu na sua totalidade próximo ao meio dia e segundo levantamento da Copel, afetou cerca de 1 milhão e 70 mil unidades consumidoras no estado, o que representa 21% do total de consumidores da companhia em todas as regiões do Paraná. De acordo com a Prefeitura de Cascavel, não houve registros de falta de energias nas repartições públicas.

Por meio de nota, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, que é responsável pela produção de 8,6% da energia consumida no Brasil, informou que precisou aumentar a quantidade de energia enviada ao SIN-BR (Sistema Interligado Nacional) para continuar operando.

A queda de energia atingiu 25 estados e o Distrito Federal. O único estado que não foi afetado foi Roraima, que não é integrado ao Sistema Interligado Nacional. Cerca de 27 milhões de pessoas foram atingidas, um terço dos consumidores brasileiros.

PF E Abin

Em entrevista coletiva no final da tarde, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta que a interrupção no fornecimento de energia elétrica ontem em todas as regiões do país foi um evento “extremamente raro”. Por isso, além das apurações internas do ONS e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), foi solicitado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que a Polícia Federal e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) também investiguem com detalhes as causas da falta de energia.

“Tenho absoluta convicção de que o ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo”, disse o ministro, lembrando que o setor é altamente estratégico, sensível e fundamental para a sociedade brasileira.

No Ceará

O governo já sabe que houve uma sobrecarga em uma linha de transmissão de energia no Ceará, o que fez com o que o sistema entrasse em colapso nas regiões Norte e Nordeste. Quando isso ocorreu, o ONS modulou a carga que estava sendo enviada para o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste, como forma de proteção, o que fez com que a energia fosse reduzida nessas regiões. Houve pelo menos 16 mil megawatts (MW) de interrupção de energia.

Segundo o ministro, o ONS ainda irá avaliar se houve outro evento no mesmo horário, em outro local do país. “O único evento que se pode afirmar é esse no Ceará. Ainda não há outro evento apontado pelo ONS, mas leva-se a presumir que tivemos um segundo evento que causou esse evento dessa magnitude”, disse. Silveira pontuou que o país trabalha com um sistema de energia redundante e, para que tenha havido uma interrupção dessa magnitude, devem ter ocorrido dois eventos ao mesmo tempo.

O ministro citou os casos de ataques a torres de transmissão de energia registrados em janeiro deste ano. “Graças à robustez do nosso sistema, para que haja um evento dessa magnitude, há de se haver uma redundância de fatos relevantes”, disse.

Momento é de “abundância”

O ministro Alexandre Silveira explicou que o ocorrido ontem não tem nada a ver com o suprimento e a segurança energética do Brasil. “Vivemos um momento de abundância nos reservatórios”, destacou, lembrando que recentemente o Brasil exportou energia para a Argentina quando os reservatórios de Itaipu e Furnas estavam vertendo água.

Durante a entrevista coletiva, o ministro fez críticas à privatização da Eletrobras, que detém a maior parte da geração e transmissão no Brasil. “Eu seria leviano em apontar que há uma causa direta [desse evento] com a privatização da Eletrobras. Mas a minha posição sempre foi a de que um setor como este deve ter uma mão firme do Estado brasileiro, como saúde, segurança e educação”, disse.

Foto: ABR