Saúde

Depois de 3 anos, OMS decreta o fim da pandemia da Covid-19

Depois de 3 anos, OMS decreta o fim da pandemia da Covid-19

Pouco mais de três anos do início da pandemia da Covid-19 que deixou o mundo todo em alerta, mudando hábitos, rotinas e implantando um sentimento de “medo de contaminação pelo vírus”, o dia 5 de maio de 2023 ficou marcado pelo anúncio oficial da OMS (Organização Mundial da Saúde) declarando o fim da emergência em saúde pública de importância internacional, classificando a partir de agora o vírus como “problema de saúde estabelecido e contínuo”. A pandemia chegou ao fim!

Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional da OMS se reunia periodicamente para analisar o cenário global provocado pela doença e, na reunião desta semana, tomaram a decisão diante da queda de mortes por Covid-19, o declínio nas hospitalizações e nas internações nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) causadas pelo vírus, aliado ao alto nível de imunidade da população.

Covid não acabou
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou que a emergência sanitária global terminou, mas que isso não significa que a Covid-19 chegou ao fim enquanto ameaça global de saúde. Dados da entidade indicam que 765,2 milhões de casos foram confirmados em todo o mundo até o momento, além de cerca de 7 milhões de mortes registradas. Ainda de acordo com a OMS, 13,3 bilhões de doses de vacinas contra a doença foram administradas em todo o planeta.
Para falar sobre o sentimento do fim da pandemia, a reportagem do Jornal O Paraná conversou com o médico Rodrigo Nicácio, que esteve na linha de frente de combate à doença em Cascavel e que, inclusive, comandou o Comitê de Crise, já que ocupava o cargo de diretor clínico do Consamu da Região Oeste. No começo do ano passado, Nicácio retornou a sua cidade natal, em Maceió, no estado de Alagoas.
“Quando eu li a notícia os meus olhos se encheram de lágrimas e um filme passou na minha cabeça, de tudo o que enfrentamos. Lembrei das reuniões do Comitê de Crise, a regulação que tivemos que mudar e adaptar, o primeiro transporte, a primeira morte. Lembro de quando cada um de nós adoeceu; eu levei a doença para dentro de casa, mas agora terminou. É bom que a humanidade reflita sobre tudo o que passamos e que tenhamos um mundo melhor a partir de agora”, disse o médico, também conhecido em Cascavel e região como “Dr. Samu”.
O médico lembrou que, à época, o vírus descoberto na China e que rapidamente se espalhou por todo o mundo, trouxe com ele momentos de muito “medo, tensão, angústia, incerteza e perdas”. “Estamos convivendo em um novo momento desde início da vacinação com indicadores mais confortáveis para o sistema e, por isso, devemos, sim, comemorar e refletir; analisar erros e acertos e sempre fazer um minuto de silêncio por aqueles que a pandemia levou”, salientou.

“DIA DO ALÍVIO”
Para Rodrigo Nicácio, o dia 5 de maio vai ficar marcado como o dia do “sentimento de alívio” e que, a partir de agora, temos que cuidar do mundo. “Vivemos num mundo de guerra biológica, de teoria da conspiração e de muita fake news. Muita gente brigou desde o começo da pandemia, mas temos que analisar agora que estamos em uma nova fase e tirar o aprendizado do que passou”, salientou, lembrando que o vírus em si não acabou, está controlado, ou seja, não está sendo transmitido em larga escala; “agora é como uma gripe”.
O médico reforçou ainda que já está em circulação uma nova variante com casos confirmados, mas que já se sabe os cuidados e a importância da imunização. “As pessoas é que devem saber: se vacinar ou se proteger a critério individual, mas, isso é da pessoa e a expectativa é de não regredir. Temos e sabemos dos cuidados e agora é seguir a vida com tranquilidade”, ratificou Nicácio.

‘Nada pode ser
como era antes’

Brasília – Após declarar o fim da Covid-19 como emergência em saúde pública de importância internacional, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, avaliou que, se voltarmos a como as coisas eram antes do vírus, teremos falhado em aprender lições e falhado com as futuras gerações.
“Essa experiência deve mudar a todos nós para melhor. Deve nos tornar mais determinados para cumprir a missão que as nações tinham quando fundaram a OMS em 1948: o mais alto padrão possível de saúde para todas as pessoas”, destacou. Tedros defendeu que os estados-membros da organização assumam o compromisso de não voltar ao que chamou de “velho ciclo de pânico e negligência” que deixou o mundo vulnerável. “Seguiremos em frente com o compromisso de enfrentar ameaças compartilhadas com uma resposta compartilhada”.