Agronegócio

Feijão: Com boa qualidade, produtores já comercializaram cerca de 90% da 1ª safra

Colheita de feijão em Irati. Foto: Gilson Abreu/AEN
Colheita de feijão em Irati. Foto: Gilson Abreu/AEN

Curitiba – A comercialização da primeira safra de feijão 2022/2023 no Paraná está chegando ao final. Até a semana passada, os produtores já haviam comercializado cerca de 90% das 197 mil toneladas produzidas, numa área de 115 mil hectares. As informações são do Boletim de Conjuntura Agropecuária do período de 7 a 12 de abril, elaborado pelos técnicos do Deral (Departamento de Economia Rural), da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento).

Apesar de problemas climáticos registrados entre setembro e outubro do ano passado, a produção paranaense foi considerada de excelente qualidade, o que contribuiu para melhor remuneração ao produtor. No período entre 3 e 7 de abril de 2023, os agricultores receberam, em média, R$ 403,00 pela saca de 60 kg de feijão de cores e R$ 267,00 pelo feijão tipo preto. Segundo os técnicos, esses valores indicam uma estabilidade em relação à semana anterior.

Em meados de maio, quando se intensifica a colheita da segunda safra, deve ocorrer uma maior oferta de feijão para o mercado. A segunda safra ocupa uma área de 296 mil hectares e a previsão de produção é de 589 mil toneladas. Até o momento, o clima tem sido favorável e 92% das áreas ocupadas com feijão encontram-se em boas condições, e 8% em médias condições.

Cerca de 35% da área cultivada está em desenvolvimento vegetativo, enquanto 41% das áreas estão em floração, 21% em frutificação e 3% em maturação. Todas essas fases ainda estão vulneráveis às condições climáticas.

MILHO

O plantio da segunda safra de milho 2022/23 foi finalizado no Paraná. Estima-se que foram plantados 2,5 milhões de hectares, 8% a menos do que na safra anterior. Nesta safra houve dificuldade durante o plantio. O atraso na colheita da soja, sua antecessora, devido ao plantio atrasado aliado a um aumento de ciclo, juntamente a um volume maior de chuvas na colheita da cultura, resultaram em uma área plantada menor do cereal. No campo, as condições de lavoura seguem boas para 97% da área e apenas 3% tem condição mediana.

SOJA E TRIGO

Foi registrada uma queda de aproximadamente 18% no preço recebido pelos produtores de soja. A saca, que valia R$ 172,00 em abril de 2022, hoje é comercializada por valor abaixo de R$ 140,00. Segundo o Deral, os preços menores no mercado doméstico podem ser explicados pela supersafra brasileira, pela variação cambial e também por questões logísticas.

Sobre o trigo, o Boletim informa que o preço da saca também acumulou baixa. Em 12 de abril a cotação diária calculada pelo Departamento registrou média de R$ 81,24, valor 9% abaixo do praticado há um mês (R$ 93,47). Esses preços indicam um possível prejuízo para parte dos produtores.

FRUTICULTURA E LEITE

Quinto principal produtor de caqui no Brasil (7,4 mil toneladas), o Paraná concentra 5,3% do volume nacional (170,2 mil toneladas), atrás de São Paulo (46,2%), Rio Grande do Sul (27,5%) e Minas Gerais (11,1%). A produção paranaense está distribuída nos Núcleos Regionais de Curitiba (32,3%), Ponta Grossa (20,3%) e Apucarana (17,4%), com o município de Arapoti sendo o principal produtor (12,2%), de acordo com o Deral.

Os técnicos divulgaram também uma análise da bovinocultura de leite. O Paraná, mesmo com condições climáticas mais favoráveis do que em outras regiões produtoras, tem visto aumentar o preço do leite. Em março, os produtores receberam em média R$ 2,74 por litro entregue aos laticínios, o maior valor desde outubro de 2022, quando se normalizava a captação após o inverno. No varejo, a média de preço do leite longa vida em março foi de R$ 4,87, também a maior desde outubro de 2022, segundo pesquisa do Deral.

CARNES: EXPORTAÇÕES CRESCEM

O Boletim traz ainda informações sobre as exportações brasileiras de carne de frango no primeiro trimestre de 2023, que superaram em 15% o volume comercializado no mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O país apresentou crescimento desse comércio no acumulado de 2022. O Paraná é o grande destaque nacional, com liderança tanto na produção quanto na exportação. Outros dados do documento do Deral se referem produção das carnes de frango, suína e bovina.

Foto: Gilson Abreu/AEN

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Estudo identifica distorções em impostos da cesta básica

Rio de Janeiro – Estudo feito pelos economistas Arnoldo de Campos e Edna Carmelio, em parceria com o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a ACT Promoção da Saúde, identificou uma série de distorções em impostos incidentes sobre a cesta básica do brasileiro. A pesquisa envolveu tanto tributos federais quanto estaduais.

O estudo analisou o ICMS do Distrito Federal, do Paraná, de São Paulo, da Bahia e do Amazonas e, no âmbito federal, o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), além das tributações do PIS/Cofins (Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).

“Os estados têm uma regra guarda-chuva que vem do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), que tem dois principais convênios específicos sobre cestas básicas”, disse o economista Arnoldo de Campos. “São regras gerais que autorizam estados e municípios a isentar ou a reduzir alíquotas [de itens] da cesta básica.”

O Confaz estabelece diretrizes gerais, mas cada estado, quando adere ao convênio, faz uma lista e define o que entra na isenção e na redução de imposto. De acordo com Campos, a maioria é de alimentos de interesse da cesta básica. “Mas encontram-se também alimentos ultraprocessados. Em alguns estados, encontram-se carne enlatada, salsicha, macarrão instantâneo e bebida láctea que, não necessariamente, deviam estar usufruindo de benefícios fiscais.”

Restrições

Arnoldo de Campos argumentou que, muitas vezes, produtos que são importantes para pessoas com restrições alimentares, como farinha de aveia ou farinha de arroz, para quem tem intolerância ao trigo, têm alíquotas mais altas e são considerados “alimentos de rico”. O economista lamentou que produtos da biodiversidade, que são alimentos regionais, não façam parte da cesta básica. “Há vários tipos de distorções: tem benefício para miojo e não tem para esse tipo de alimento que, para muita gente, é básico.”