Cascavel – As preocupações que se instalaram em todo o Brasil desde o dia 5 deste mês, após o ataque a uma creche de Blumenau que acabou com quatro crianças mortas e outras feridas, tem mobilizado o Poder Público, pais e a comunidade escolar. Ações preventivas estão sendo planejadas e implantadas nas instituições públicas e privadas. Em coletiva de imprensa na manhã de ontem (12), a Prefeitura de Cascavel anunciou um reforço ainda maior para atender a essa demanda em todas as instituições escolares.
A partir de agora, além da ronda rotineira da Guarda Municipal, todo o efetivo da Guarda Patrimonial será deslocado para estas unidades, escolas e Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil). Uma nova escala de trabalho foi montada e os servidores estarão atuando, inicialmente, no horário das atividades das instituições (horário comercial), ação que também fará parte do Programa Escola Segura.
De acordo com o secretário municipal de Segurança Pública de Cascavel, Pedro Fernandes de Oliveira, cerca de 100 guardas serão retirados dos seus locais de forma excepcional e a ideia é que eles sejam um apoio dentro da comunidade escolar e, caso ocorra algum fato diferente, solicitem o apoio imediato da GM (Guarda Municipal), que também montou um esquema diferente de trabalho e está com viaturas espalhadas por toda a cidade. “A proposta não é armar a escola, mas mostrar presença de um agente, aumentando a sensação de segurança nesses espaços”, esclareceu.
Nos locais em que os guardas estavam atuando, haverá também a ronda da GM de forma periódica, já que ficarão provisoriamente sem a presença do guarda. Nesse sentido, é pedido que a população também auxilie na fiscalização dos espaços.
Segundo Pedro Fernandes, muitos guardas já atuaram nas unidades escolares e essa foi a ação definida pelo o Poder Público neste momento, que visa atender a uma “demanda psicológica” dos pais e da sociedade, mas necessária.
PMs em formação
Além das ações da segurança municipal, a Polícia Militar, por meio do 5º Comando, já confirmou a GM, que vai disponibilizar os 200 soldados que estão em formação para cumprirem parte da carga horária nas escolas e nos Cmeis, ação que deve ser organizada ainda nesta quinta-feira (13).
Outra ação que já está sendo realizada é a revisão das 1,4 mil câmeras de segurança que estão instaladas nas unidades escolares e em toda cidade, na qual as imagens captadas são monitoradas na Central de Monitoramento da Guarda Municipal, e ainda um aumento no efetivo para cuidar dessas imagens. “Vamos aumentar a quantidade de pessoas fazendo esse monitoramento, que também estarão em contato imediato, caso seja necessário, com as equipes nas ruas com as nossas vinte viaturas”, frisou.
A primeira medida tomada ocorreu no dia 5 deste mês, quando o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, determinou a ação imediata e aumento da segurança nas escolas com a reorganização dos equipamentos e contingente a disposição. “O momento nos remete a tomar essa decisão, de fazer alguns remanejamentos”, afirmou.
“Botão do Pânico”
O Poder Público municipal ainda estuda a instalação de alertas silenciosos, conhecidos como “botão do pânico”, que poderão ser acionados em caso de emergência. Além disso, também será testado um projeto de segurança que utiliza inteligência artificial. Uma empresa se propôs a fazer o piloto e, se os resultados atenderem às necessidades, o serviço será ampliado para as unidades escolares da cidade.
A secretária de Educação, Marcia Baldini, reforçou que o momento é de unir forças para aumentar a segurança em todas as unidades escolares e que uma reunião já foi realizada com todos os diretores das escolas e Cmeis. “Os guardas vão estar fazendo um trabalho preventivo no sentido de estar cuidando da entrada da escola; devemos orientar os pais em evitar levar pessoas estranhas para buscar as crianças”, afirmou.
Polícia Militar
O tenente Paulo Roberto da Silva que é comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária de Cascavel, disse que as ações dos policiais militares continuam de forma efetiva com foco nas unidades da rede estadual de ensino e de apoio às particulares. Desde que foi criado em 2008, são realizadas rondas nos colégios estaduais e atendimento de ocorrências.
Para o comandante, o que deve ser deixado claro nesse momento é que ameaças e disseminação de notícias falsas, não serão toleradas e que a polícia vai buscar os responsáveis e punir, porque este tipo de situação é bastante séria, “não é uma brincadeira”. “Também queremos pedir às pessoas que estão em grupos de mães e pais de escolas que, quando receberem uma notícia, entrem em contato com a direção e não repassem as notícias, já que também é uma forma de causar pânico e de alimentar o que os causadores desse tipo de notícia querem”, ratificou o tenente.
Foto: Secom
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Polícia Civil investiga
A Polícia Civil do Paraná também está atenta as chamadas “fake news”, por meio do Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrimes) sobre as recentes ameaças de massacres escolares. Segundo o Nuciber, com o “efeito contágio”, ao compartilhar notícias de massacre ou de possível atentado, seja por texto, fotos, áudios ou qualquer material, isso pode encorajar algum infrator a concretizar o ataque. Também confirmou que todas as denúncias estão sendo investigadas pelos profissionais da área de inteligência e que os envolvidos vão responder criminalmente pelos seus atos.
Segundo o Nuciber, a maioria dos casos são notícias falsas criadas pelos próprios alunos ou ex-alunos, com a intenção de gerar insegurança, pânico, para ter visibilidade, fazer brincadeiras de mau gosto ou até mesmo impedir as aulas. A orientação é de que os pais monitorem o que os seus filhos estão acessando e compartilhando na internet e com quem estão conversando, bem como quais redes sociais eles usam e perfis utilizados. É importante também criar o hábito de sempre verificar o que os filhos guardam em seus armários e gavetas, bem como, antes de saírem para a escola, o que estão carregando na mochila.
