Cotidiano

Debate em SP tem ataques a padrinhos políticos de candidatos

SÃO PAULO – Com poucas propostas objetivas para São Paulo, ataques a padrinhos políticos dos candidatos a prefeito de São Paulo foram a tônica do debate na TV promovido ontem à noite pela Rede TV, portal UOL, revista Veja e o Facebook. Numa estratégia diferente da adotada no primeiro confronto, dez dias atrás, as gestões do presidente Michel Temer (PMDB), do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (PT) foram usadas pelos candidatos para desgastar campanhas adversárias.

Marta Suplicy (PMDB) teve que sair em defesa de Temer mais de uma vez. Uma delas foi quando Luiza Erundina (PSOL) perguntou como ela, que construiu uma história como feminista, se sentia vendo o governo de seu padrinho político sem uma mulher no primeiro escalão do governo.

? Como você se sente, como feminista, apoiando um governo machista, formado por homens brancos? ? ataca Erundina.

? O presidente Temer herdou a maior crise da história do governo anterior. Com tempo, vão ter mais mulheres. Tem uma mulher, por exemplo, no BNDES ? argumentou Marta.

Fernando Haddad (PT), candidato à reeleição, também investiu contra Temer para atingir Marta.

? Hesitante é quem estava ao lado dos pobres e agora está com seus algozes ? disse, numa referência velada à troca de Marta do PT pelo PMDB.

Em outro momento, foi Haddad quem teve que sair em socorro de Dilma e Lula.

? A Lava Jato tem a grande oportunidade de atingir a espinha dorsal do financiamento dos partidos políticos e não ser uma investigação seletiva, só contra o PT. Há inclusive, pessoas da cúpula do PMDB e três ex-presidentes do PSDB sendo investigados ? disse.

Pouco antes, o petista havia sido provocado por Erundina a ser mais objetivo sobre sua posição a respeito do impeachment.

? O impeachment segue formalidades, mas não a Constituição. Não é só um golpe no mandato, mas é golpe pelo o que está por vir ? afirmou.

João Doria (PSDB), por sua vez, foi atingido por críticas à gestão de Alckmin na saúde e segurança. Em uma delas, nem teve a chance de responder porque o debate estava ocorrendo entre Haddad e Celso Russomanno (PRB).

? São 22 anos do governo PSDB no estado. Você acha que uma parceria com eles (na área de segurança) vai resolver alguma coisa? Em que mundo você vive? ? perguntou o petista.

Num duelo com Marta, Doria levou outra fustigada pelas ações do governador.

_ Você propõe como solução para o problema da saúde a união das redes municipal, que é muito ruim, e estadual, que é pior ainda. Queria saber como, unindo o ruim com o péssimo, você vai dar um jeito na saúde? _ pergunta Marta.

O tucano reage: ? A sorte da população é que existem os hospitais estaduais.

No primeiro debate entre os candidatos na TV, organizado pela Rede Bandeirantes, os candidatos haviam concentrado ataques ao PT e ao governo federal. Uma semana atrás, pesquisa Datafolha apontou que os padrinhos Temer, Alckmin e Lula mais prejudicam do que ajudam as candidaturas de seus aliados em São Paulo.

A mais recente pesquisa Datafolha divulgada sobre a corrida eleitoral em São Paulo apontou Russomanno com 31%, Marta, 16%, Erundina, 10%, Haddad, 8%, e Doria, 5%. O candidato major Olímpio (SD), que também participou do debate, registrou 2%.