Cotidiano

“No Oeste, só fica desempregado quem quer”, garante o presidente da Ocepar

“No Oeste, só fica desempregado quem quer”, garante o presidente da Ocepar

Cascavel – “No Oeste do Paraná, só fica desempregado quem quer”. A afirmação é do presidente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), José Roberto Ricken, em entrevista concedida ao Jornal O Paraná. E ele tem razão. Segundo Ricken, as cooperativas agroindustriais da região têm um déficit de mão de obra que gira em torno de 10 mil empregos, a grande maioria para a linha de produção.

“No Oeste do Paraná, as cooperativas são agroindustrializadas por excelência. Foi onde a agroindustrialização cresceu mais”, aponta o presidente da Ocepar. “Então hoje, onde tem uma cooperativa no Oeste bem organizada e industrializada, ela vai buscar pessoas para trabalhar a 70, 80 quilômetros de distância porque não há gente suficiente nas comunidades onde elas estão sediadas”, exemplifica.

Para Ricken, além de beneficiar o produtor, que é associado, o sistema cooperativista promove o desenvolvimento dos municípios e de suas respectivas regiões. “Muito do que é possível perceber nas regiões, é atribuído ao papel desempenhado pelas cooperativas”.

Organização e Planejamento

Tudo que o cooperativismo vem conquistado ano após anos é por conta de da organização e planejamento do setor. O cooperativismo do Paraná tem se destacado em nível nacional. Conforme Ricken, em 2015, todas as 220 cooperativas, juntas, movimentaram o equivalente a R$ 50 bilhões por ano. Passados oito anos, esse montante alcançou R$ 187 bilhões, um salto significativo. “Ou seja, estamos pertos de atingir o nosso planejamento, de R$ 200 bilhões ao ano”.

Em suma, a grande característica das cooperativas é o planejamento, na ótica do presidente da Ocepar. Outra mudança bastante expressiva envolveu o mercado. “Antes, o setor produzia e ofertava o produto. Hoje, identificamos a demanda e a atendemos da maneira que ela desejar”.  Ele salienta que hoje, a participação no mercado é muito mais importante hoje do que no passado.

SANIDADE

O risco sanitário é o maior que existe hoje na agropecuária, na visão de Ricken. Por isso a necessidade de fazer pesados investimentos nesta área no Paraná. O Fundepec ( Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná) é um exemplo claro desse resguardo. Diante do surgimento de qualquer problema, as cooperativas podem recorrer a esse fundo. O Fundepec foi criado em 14 de novembro de 1995, reunindo instituições representativas de produtores rurais e da indústria, para promover o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da pecuária, posteriormente estendido para a produção vegetal e viabilizar ações de defesa sanitária no Paraná.

Além da Faep e da Ocepar, são associadas à entidade o Sindicato da Indústria da Carne e Produtos Derivados do Estado do Paraná (Sindicarne), a Associação Paranaense de Criadores de Búfalos (Abupar), a Associação Paranaense de Avicultura (Apavi), a Associação Paranaense de Suinocultores (APS), o  Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Paraná (Sindileite), a Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), a  Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), a Federação Paranaense das Associações de Criadores (Fepac) e o Sindicato dos Produtores de Gado de Corte e Gado de Leite do Paraná (SPGCGL-PR). O Fundepec dispõe de um fundo superior a R$ 82 milhões para serem utilizados em ações de precaução para situações de emergências sanitárias.

“O risco de ter uma enfermidade existe e sempre vai existir. Agora, temos que cuidar, por exemplo, da gripe aviária e evitar que ela chegue em nosso território”, alerta Ricken. Ele voltou no tempo e lembrou a situação do Estado em relação à febre aftosa. “Até pouco tempo, tinha que vacinar o rebanho mesmo não tendo mais o vírus presente e isso prejudicava imensamente a comercialização de carne suína para o mercado internacional”. Por fim, o presidente da Ocepar pede rigor na vigilância nas fronteiras, para evitar o acesso da carne clandestina e sem os selos de garantia de sanidade dentro do território brasileiro.

Crédito da foto: Vandré Dubiela / O Paraná

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O cooperativismo

O cooperativismo nasceu entre trabalhadores ingleses que buscaram na cooperação solidária a solução para os problemas econômicos causados pela concentração do capital. Apoiados em teorias de pensadores e filósofos estabeleceram princípios norteadores, baseados nos valores de autoajuda, que significa que cada indivíduo pode e deve tentar controlar sua própria vida e, através de ação conjunta com outras pessoas alcançar seus objetivos; autorresponsabilidade, no sentido de todos os cooperados assumirem a responsabilidade pela cooperativa; igualdade, que se manifesta no processo decisório da cooperativa, no qual cada cooperado tem o mesmo direito a voto; equidade, isto é, os cooperados que participam da cooperativa de modo idêntico devem ter retorno econômico equivalente e solidariedade, que é a ação coletiva para satisfazer as necessidades individuais de cada cooperado desde que coincidente com as necessidades de todos os cooperados.