Cotidiano

Bebidas: Paraná teve produção 17,5% maior do que a nacional em 2022

Aumento médio nacional foi de 3,5%, ou seja, o Paraná obteve uma porcentagem 17,5% a mais

Bebidas: Paraná teve produção 17,5% maior do que a nacional em 2022

Cascavel – O aumento da produção de bebidas das indústrias paranaenses se destacou foi destaque no segmento de janeiro a novembro de 2022, chegando ao pico de 21% de aumento em relação ao mesmo período de 2021. Os dados foram liberados esta semana pelo IBGE (Instituto de Geografia e Estatística), que apontou ainda que o aumento médio nacional foi de 3,5%, ou seja, o Paraná obteve uma porcentagem 17,5% a mais que a nacional e ficou bem à frente de outros estados com maiores crescimentos, como o Amazonas que atingiu 18,2% e o Mato Grosso com 13,1%.

Segundo o secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros, o cenário e o bom momento para o ramo propiciaram um ambiente positivo e, além disso, o Estado abriu as portas para grupos internacionais no ramo de bebidas, o que agregou novas indústrias, trazendo mais emprego e renda para os municípios. Somente o setor cervejeiro gera mais de 25 mil empregos diretos no Paraná.

Atualmente, o estado conta com 220 estabelecimentos da indústria de bebidas e destes, 12 são empresas com 100 empregados ou mais, o que ressalta a importância local do setor. “Temos no Paraná matéria-prima, mão de obra qualificada, água de qualidade e logística. Esses fatores, juntos com os incentivos fiscais do Governo do Estado, permitem a consolidação desses investimentos do setor de bebidas no Paraná”, completou Barros.

Para Júlio Suzuki, diretor do Centro de Pesquisa do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), o crescimento da atividade no Estado está diretamente relacionado aos investimentos do setor nos últimos anos, aonde grandes empresas do ramo realizaram investimentos para a expansão das suas unidades. Um dos investimentos que impactou no bom resultado no Paraná em 2022 é da cervejaria Heineken, que nos dois últimos anos destinou R$ 865 milhões para a planta de Ponta Grossa, nos Campos Gerais.

O aporte foi para aumentar em 75% a capacidade produtiva da unidade, que é a maior produtora da marca no país e um dos maiores parques industriais nacionais de cerveja, onde também são produzidos os rótulos Amstel e Devassa. Toda a operação da planta em Ponta Grossa é 100% com energia renovável. A fábrica emprega diretamente 576 pessoas da região, além de outras 19.574 de forma indireta ou induzida, segundo dados da própria cervejaria.

Outros dois exemplos de como o bom momento da indústria de bebidas movimenta toda a cadeia produtiva do Estado, são os da Ambev e da Maltaria Campos Gerais. A multinacional Ambev confirmou no ano passado que vai construir em Carambeí a maior fábrica de garrafas de vidros recicláveis do Brasil. O investimento será de cerca de R$ 870 milhões, aonde serão produzidas garrafas a partir de cacos de vidros reciclados para os rótulos Brahma, Skol, Budweiser, Stella Artois, Becks e Spaten. A previsão é de que a fábrica comece a operar em 2025, gerando entre 300 e 400 empregos diretos.

Outro exemplo vem da Maltaria Campos Gerais que recebeu aporte de R$ 3 bilhões das seis cooperativas responsáveis pela planta que está se instalando em Ponta Grossa: a Agrária Agroindustrial (Guarapuava), Bom Jesus (Lapa), Capal (Arapoti), Castrolanda (Castro), Coopagrícola (Ponta Grossa) e a Frísia (Carambeí). A unidade vai fornecer matéria-prima para produção de cerveja na indústria do Paraná e de outros estados, fortalecendo a cadeia estadual de fornecimento do segmento.

Completando quase 120 anos, uma das empresas de bebidas que cresceu no mesmo índice do estado foi a Cini, de Curitiba. Mais tradicional marca de refrigerantes do Estado, ela bateu a casa dos 22% no volume de produção de janeiro a setembro do ano passado, mesmo período do levantamento do IBGE. Tal quadro fez com que já em 2022 a Cini aumentasse os turnos dos colaboradores para que desse conta da demanda.

Para este ano, o plano é investir na aquisição de equipamentos e maquinários para incrementar ainda mais a produção de refrigerantes. A meta da empresa é crescer a capacidade produtiva em 30%, passando de 800 mil fardos por mês para 1 milhão de fardos por mês.

 

A força do Oeste

A Região Oeste do Estado também tem indústrias consolidadas no ramo, como a Cervejaria Colônia, em Toledo. Funcionando desde 1996, a empresa assumiu uma estrutura abandonada na época e que produzia apenas refrigerante. Atualmente mais de 20 marcas incluindo cerveja e chopp são produzidas na indústria que conta com 413 funcionários e uma capacidade de produzir 1,2 milhão de hectolitro.

De acordo com o gerente de administração de vendas da cervejaria, Mauro Bernhard, a Colônia exporta suas bebidas para diversos países, entre eles, Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia e Cuba. De chopp são seis marcas próprias, além da produção terceirizada de outras cervejas conhecidas, como a Dado Bier, de Porto Alegre. A empresa faz parte da Inab (Indústria Nacional de Bebidas) e cerca de 30% do que é produzido é terceirizado.

Para o gerente, o mercado está aquecido e isso ocorreu desde a pandemia, em 2020, e a expectativa é das melhores para o setor, já que os eventos retornaram. “Tanto Toledo quanto as cidades da região têm muitas festas gastronômicas e nelas temos um público que aprecia chopp que tem sempre uma boa saída”, salientou. O carro chefe da indústria são as cervejas tradicionais pilsen, tanto de garrafa de vidro como as de lata.

 

Potencial diversificado

Para o vice-presidente da Fiep (Federação das Indústria do Estado do Paraná), o empresário cascavelense Edson Vasconcelos, a região Oeste tem um potencial industrial muito grande e em diversos setores. Segundo Vasconcelos, desde a produção de bebidas até a produção de carnes na indústria do agro, o Oeste é com certeza um grande destaque na produção regional e estadual. “Temos desde o pequeno produtor até a grande indústria, uma cadeia completa e que faz a diferença para os dados e o potencial industrial do nosso Estado”, concluiu.