BUENOS AIRES – Uma delegação de 20 representantes de grandes empresas brasileiras desembarcou esta semana em Buenos Aires para se reunir com as mais altas autoridades do governo argentino e expressar seu desejo e reativar planos de investimento no país. A missão foi organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e, de acordo com seu presidente, Robson Braga de Andrade, também fará alguns pedidos à Casa Rosada para melhorar o clima de negócios no país, entre eles a redução da alíquota de IR pago em operações de juros (hoje entre 15% e 35%) para estimular empréstimos intrafirma e projetos de infraestrutura.
? Passamos um período de relacionamento conturbado com a Argentina, praticamente todo o kirchnerismo. Os investimentos ficaram congelados, como no caso da Vale do Rio Doce, e hoje as empresas têm interesse em reativar ? disse o presidente da CNI a jornalistas brasileiros.
De acordo com a confederação, atualmente a Argentina é o segundo destino mais importante de investimentos brasileiros no exterior, totalizando em torno de US$ 10 bilhões. O primeiro é os Estados Unidos, com cerca de US$ 90 bilhões.
O presidente da CNI disse que os empresários ?estão preocupados pela crise do Mercosul? e defendeu a ?reconstrução do bloco, sem a Venezuela?.
? Se realmente tivesse funcionado (o Mercosul), como um grande mercado, um grande programa para a negociação de acordos com outros blocos, certamente teria atraído outros países como Peru e Colômbia ? assegurou Braga de Andrade.
Na avaliação do cenário econômico brasileiro, o presidente da CNI afirmou que ?no Brasil, a industria ainda não começou a se recuperar. Subiu um pouquinho em junho, todo mundo ficou animado, mas em julho caiu de novo?.
Braga de Andrade defendeu a adoção de ?medidas duras? para impulsionar a reativação da economia:
? A recuperação exige medidas duras… no Brasil fala-se em reforma da Previdência, em mudanças nas leis trabalhistas, tudo isso é dolorido, você não faz isso sem custo político. Acho que na Argentina é igual. Sempre é a classe média que paga, porque a classe pobre não tem com que e a elite tem outros mecanismos
Para o presidente da CNI, ?estamos passando por período difícil, de contrações, mas devido a medidas que estão sendo adotadas, por isso fico mais satisfeito. Pior quando estamos mal porque nada é feito, como aconteceu no Brasil?.