Cotidiano

Desobstruções e resgate avançam após mais de 60 horas de trabalho

Deslizamento de terra na BR-376, na Serra do Mar. A operação de resgate e limpeza do local já dura mais de 50 horas ininterruptas. Equipes retiram 7 mil metros cúbicos de terra na BR-376 e buscas por vítimas avançam
Deslizamento de terra na BR-376, na Serra do Mar. A operação de resgate e limpeza do local já dura mais de 50 horas ininterruptas. Equipes retiram 7 mil metros cúbicos de terra na BR-376 e buscas por vítimas avançam

Cascavel – A quinta-feira (1º) foi de muito trabalho para as equipes do Corpo de Bombeiros e da concessionária Arteris Litoral Sul iniciaram a remoção da massa de terra da pista no sentido sul da BR-376, no Litoral do Paraná. Pela manhã, já havia sido feita a liberação no sentido norte, o que permitiu um avanço na operação de resgate, que já dura mais de 60 horas.

O boletim enviado às 16h40 pelo gabinete de crise que acompanha o incidente destaca que o volume de terra é bastante elevado na pista sul, o que torna a operação sensível. Com o emprego de guincho e maquinários pesados, foram realizadas intensas buscas na massa terrosa e quase todos os veículos pesados que estavam visíveis no deslizamento de terra foram removidos. O boletim também indicava a previsão de mais chuva, o que torna a operação ainda mais delicado.

O Corpo de Bombeiros realizou com sucesso a retirada do segundo óbito do local. Ele já havia sido confirmado anteriormente, mas não havia sido removido. A operação foi maior e mais complexa do que prevista inicialmente, sendo severamente agravada pelas condições atmosféricas instáveis do local do incidente.

A identidade dessa segunda vítima será divulgada somente após a família ser avisada. O corpo foi encaminhado para a Polícia Científica na tarde de ontem, onde já foi periciado. A estimativa de potenciais vítimas continua reduzida em relação à previsão original.

Porto de Paranaguá

Com a liberação da BR-277, no KM 40, o pátio de triagem do Porto de Paranaguá voltou a receber caminhões, informou a Portos do Paraná. Os veículos estão sendo reagendados, classificados e já ficam aptos para serem chamados para descarga, visando absorver o represamento sem maiores problemas.

Segundo dados da Diretoria de Operações da Portos do Paraná, durante toda a quarta-feira (30), 277 caminhões deram entrada no Pátio Público de Triagem do Porto de Paranaguá, local que é utilizado pelos veículos de carga que aguardam a chamada para a descarga dos granéis sólidos vegetais de exportação. Já na quinta-feira foram pelo menos mais 700 caminhões.

Alguns terminais, de todos os segmentos, ainda trabalham com o reagendamento dos veículos com a janela de chegada vencida. Porém, o cadastramento deve ser normalizado. Isso ocorreu após a liberação da descida em meia pista da BR-277, principal via de acesso aos portos de Paranaguá e Antonina e, com isso, o fluxo de veículos sentido Litoral foi retomado.

Outros trechos ainda seguem interditados devido os deslizamentos. Em Guaratuba, na BR-376, Km 669, interdição total; em Campina Grande do Sul, na BR-116, Km 58, sentido decrescente, interdição parcial com uma faixa liberada. Em Morretes, BR-277, do Km 42 ao 39, sentido decrescente está interditado.

Buscas às vítimas

Cerca de 7 mil metros cúbicos de massa terrosa foram retirados do local até a manhã de ontem. O maquinário pesado de guincho e caminhões ainda estão no local, auxiliando na garantia dos acessos às áreas de busca e resgate pelas equipes especializadas.

Também está em andamento o serviço de drenagem dos pontos alagados para reduzir riscos de novos desmoronamentos no local do incidente. O Corpo de Bombeiros deu início as operações na região mais sensível da ocorrência, que é a parte em que a massa de terra deslocou alguns veículos, inclusive caindo sobre eles. A área conta com uma extensão de aproximadamente 4,5 mil metros quadrados e o volume de terra a ser removido tem aproximadamente 5 mil metros cúbicos.

Os serviços agora passam pela estabilização da segurança para os trabalhos das equipes. Elas irão iniciar a fase de busca por setores onde serão feitas varreduras em todos os veículos, além da continuidade no processo de remoção de resíduos. No ponto mais delicado se encontram bombeiros, cães de buscas e o maquinário da concessionária. Esta missão é extremamente sensível e demorada, por causa do constante risco de novos deslizamentos.

Desaparecidos

A Polícia Científica segue auxiliando os trabalhos de levantamento de possíveis desaparecidos. Agora que grande parte de massa de terra da parte superior do incidente foi removida, a estimativa de potenciais vítimas foi reduzida para menos de 30 pessoas. Este número tem como base os dados concretos que o comando do incidente possui, como a redução de veículos encontrados em relação às projeções iniciais.

Por causa do grande volume de terra, ainda não é possível especificar com exatidão a quantidade de veículos e vítimas que podem estar soterrados no local, inicialmente se falava em 6 carretas e de 10 a 15 veículos. Familiares e amigos de pessoas que possam ter desaparecido nesse local devem entrar em contato com a Central de Atendimento disponibilizada pela Polícia Científica, pelo telefone (41) 3361-7242, serviço 24 horas.

Foto: AEN

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Alagamentos afetam 7,5 mil pessoas

As chuvas fortes no Litoral e na Região Metropolitana de Curitiba também causaram inundações, enxurradas, alagamentos e deslizamentos em outras cidades e segundo a Defesa Civil, subiu para 12 o número de cidades atingidas, cerca de 7,5 mil pessoas afetadas. Além disso, 1.057 pessoas estão desalojadas e 22 desabrigadas.

As cidades atingidas foram Antonina, Araucária, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Curitiba, Guaraqueçaba, Guaratuba, Itaperuçu, Morretes, Piraquara, Quatro Barras e São José dos Pinhais. O Governo do Estado mandou na manhã desta quinta-feira (1º) insumos emergenciais ao Litoral. A ação é uma medida de suporte em abastecimento aos sete municípios da região em razão dos bloqueios nas rodovias de acesso por conta dos deslizamentos e das chuvas.