Cotidiano

Rodovias interditadas e trânsito lento já preocupam o setor dos transportes

Deslizamento entre os  kms 39 e 42 da Br-277 sentido litoral. 30/11/22. Foto: Rodrigo Félix Leal / SEIL
Deslizamento entre os kms 39 e 42 da Br-277 sentido litoral. 30/11/22. Foto: Rodrigo Félix Leal / SEIL

Cascavel – A interdição da BR-376 em Guaratuba, no litoral do Paraná, aonde ocorreu na segunda-feira (28) um grande deslizamento de terra, já é motivo de preocupação do setor de transportes. Na quarta-feira (30) grandes filas se formaram já na entrada da capital por quilômetros o que acaba atrasando o deslocamento principalmente de caminhões que fazem o transporte de cargas e de produtos até o Porto de Paranaguá.

Antônio Ruyz, presidente do Sintropar (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística Oeste) disse que o setor já está atento e começando a ficar preocupado, porque além da demora do tráfego dos caminhões, a situação está gerando insegurança, visto que os caminhoneiros não tem aonde ficar e há relatos de furtos. “Estamos acompanhando a situação, mas já está gerando impacto na logística de produtos, devido as dificuldades de acesso”, destacou.

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de São José dos Pinhais, Plínio Dias, que está acompanhando a situação mais de perto, disse que as interdições complicam o setor de transporte. Como os caminhoneiros precisam fazer os desvios que aumentam os trajetos, isso acaba impactando diretamente na questão do frete e, com isso, os caminhoneiros é vão acumular prejuízos.

Situação rodovias

Na tarde de ontem, por volta das 15h50, o fluxo de veículos na BR-277, sentido litoral que estava retido no km 60, em São José dos Pinhais, foi liberado. A liberação foi realizada após reunião técnica do DER-PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) e do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que decidiram pela liberação parcial da BR-277.

A pista, atingida por deslizamento de terra em dois segmentos nos últimos dias, além da queda de rochas no mês passado, está passando por limpeza e melhorias, e ficará liberada em pista simples do km 39,5 ao km 42, tanto no sentido Curitiba/Paranaguá quanto no sentido Paranaguá/Curitiba.

No trecho atingido pela queda de rochas há pouco mais de um mês, o DNIT realizou contratação emergencial de obra de contenção do talude, um investimento de R$ 1,6 milhão.

Guinchos

As equipes de operação de tráfego rodoviário do DER-PR estão presentes no trecho disponibilizando cones para sinalização de emergência, veículos de inspeção de tráfego, guinchos mecânicos e realizando a orientação ao usuário, garantindo que os desvios de tráfego no trecho sejam realizados com total segurança.

Trechos interditados

Ainda seguem as interdições em alguns pontos, o principal deles, no km 669 em Guaratuba, onde ocorreu o deslizamento; em Campina Grande do Sul, na BR-116, Km 58, sentido decrescente, tem a interdição parcial com uma faixa liberada e na BR-277, em Morretes, km 42, sentido decrescente, está totalmente interditado.

Para esses dois locais ainda serão avaliadas soluções. O DER se colocou à disposição do DNIT para dar suporte técnico, aporte financeiro ou mesmo para executar as obras, bastando somente uma definição do Governo Federal para início das ações.

Foto: Rodrigo Felix Leal/SEIL

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Buscas têm equipes em solo e apoio de câmeras

Curitiba – As equipes de segurança que prestam atendimento no local de deslizamento na BR-376, em Guaratuba, mantêm as buscas mesmo com o mau tempo no local. Estão sendo utilizados guinchos, cães treinados e drones com câmera com identificação térmica para encontrar sinais de vida. O equipamento, porém, ainda não conseguiu resultados na identificação. O trabalho tem sido feito de forma cautelosa, já que as chuvas permanentes ampliam os perigos de novos desmoronamentos na área. Há risco, inclusive, da pista da rodovia ceder por causa do peso dos entulhos.

Representantes do Gabinete de Crise instituído pelo Governo do Estado para acompanhar a tragédia concederam nova entrevista coletiva na quarta-feira. O Corpo de Bombeiros conseguiu fazer a retirada de uma carreta e três veículos que estavam na parte superior da pista. O incidente envolveu 10 veículos de passeio e seis carretas e a estimativa inicial é que 30 pessoas estejam desaparecidas; seis pessoas já foram resgatadas com vida, sendo registrados dois óbitos. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), esse foi o maior evento trágico na BR-376 desde 2011, quando também houve queda de barreira.

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Manoel Vasco, explicou que foi feita a avaliação da área pelos geólogos e engenheiros, para a movimentação de terra que liberou os três veículos retirados de uma área de menor risco, a retirada de uma carreta do local. “As maiores dificuldades enfrentadas neste momento são por causa do mau tempo, com a previsão de um aumento no volume de chuvas. A situação na área, que já é de risco, tende a piorar nos próximos dias se continuar assim”, complementou.

As equipes trabalham de forma ininterrupta. São 54 bombeiros atuando durante o dia e a equipe do Gost (Grupo de Operações Socorro Tático), que é altamente especializada, atuando durante a noite.

Vítimas fatais

A Polícia Científica conseguiu confirmar a identidade de uma das vítimas e já fez o contato com a família. Trata-se de João Maria Pires, de 60 anos, natural de São Francisco do Sul, de Santa Catarina. O corpo da segunda vítima vai passar por perícia no IML (Instituto Médico Legal). Foi aberto um canal direto com os familiares e conhecidos de pessoas que poderiam estar no local do deslizamento, o que pode ajudar na identificação das vítimas.

Familiares podem entrar em contato com a Central de Atendimento da Polícia Científica, no telefone (41) 3361-7242, para passar as informações, 24 horas. Além disso, outras informações sobre o evento podem ser obtidas pelo telefone da Centro de Operações Cidade da Polícia, no 0800-282-8082.