?Foi muito legal, só conhecia o goalball pela televisão. É bem melhor ver daqui, muito bom estar perto dos atletas?. Em poucas palavras, o pequeno Gustavo Rosa Alves, 11 anos, aluno do sexto ano do Colégio Darwin Gama, de Higienópolis, resumiu um dos legados da Paralimpíada: oferecer o primeiro contato com o paradesporto. LINKS PARALIMPÍADA 14-09
Só da escola onde estuda Gustavo, 89 alunos ? do primeiro ano do ensino fundamental ao segundo do ensino médio ? visitaram o Parque Olímpico pela primeira vez ontem. E todos se encantaram com a modalidade (praticada por deficientes visuais) na Arena do Futuro.
? Era o esporte com os melhores horários. Mas a maioria não conhecia a modalidade. Compramos os ingressos pela internet ? disse a professora do ensino fundamental e coordenadora Rosemary Almeida.
Desde o início dos Jogos, na última quinta-feira, escolas de vários bairros e até de outras cidades têm marcado presença no Parque Olímpico. Foi o caso dos 530 alunos do campus de Paracambi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, que encararam cerca de duas horas de viagem para conhecer o goalball.
? É um exercício de cidadania para eles estar em contato com as diferenças, além de respeitar e ver que temos grandes heróis. Acho que a gente vai conseguir sensibilizar muitos alunos. Não tem como vir aqui e voltar indiferente. A gente começa a ver que, muitas vezes, nos limitamos por coisas muito pequenas, quando, na verdade, precisamos duvidar das nossas limitações ? ensinou Cristiane Henrique de Oliveira, diretora da escola.
E como surgiu a ideia de levar os alunos ao megaevento?
? Eu estava na Olimpíada e fiquei tão encantada que buscamos um contato para trazermos um número grande. Mais da metade da nossa escola se interessou. É a maior atividade extraclasse que já fizemos até hoje.
Para os alunos de Paracambi, da visita à Paralimpíada ficou um gostinho de quero mais.
? Valeu muito. É bem diferente de tudo o que já vi, o jeito de defender, eles ficam atentos ao barulho da bola. Se der, quero voltar aqui ? contou Vitor dos Santos, de 16 anos, aluno do terceiro ano.
Lucas Guimarães, de 18 anos, que estuda no quarto período, na mesma escola, assina embaixo.
? Foi muito maneiro. Você passa a ver o esporte por uma perspectiva diferente do que está acostumado, tem que fazer silêncio durante a partida, para não atrapalhar. Os caras são muito bons, você não enxergar e ainda poder pegar na bola… Dá vontade de torcer mesmo ? disse.
Também na Arena do Futuro, um grupo de crianças entre dois e cinco anos chamava a atenção nas arquibancadas. Em silêncio, elas prestavam atenção ao jogo com aquele olhar de curiosidade típico. Todas atendidas pela ONG Cruzada do Menor, da Cidade de Deus, que fica a cerca de seis quilômetros do Parque Olímpico da Barra.
SIMULAÇÃO NA ESCOLA
? É o nosso primeiro dia na Paralimpíada. Uma doadora comprou ingressos e conseguiu um ônibus para fazer o transporte das crianças e dos idosos que atendemos na instituição. No total, viemos em 90 pessoas ? contou Márcia Bogéa, coordenadora da ONG.
Ela explicou por que os pequenos estavam tão quietos durante a partida, respeitando a regra do goalball, em que o silêncio é fundamental para os jogadores ouvirem a bola.
? Fizemos uma simulação do esporte. Por isso, as crianças entenderam que não podiam fazer barulho e como jogo funciona. Elas estão gostando muito. Vamos tentar voltar no fim de semana ? adiantou Márcia.
Na comunidade, os alunos conheceram uma atleta e ex-moradora que serve como inspiração.
? A Paralimpíada é um exemplo para as crianças. Muitas, aliás, conhecem a Rafaela (Silva, judoca campeã olímpica). São vizinhos ou têm irmãos que lutam onde ela começou ? completou.