Na mesma semana em que o Fred se despedia dos gramados do futebol, um outro Freddy, este com dois “d” e “y”, querido nosso, se despedia deste plano passando agora para a vida do espírito.
Durante muitos anos convivemos juntos nos jantares e almoços comemorativos, embora quase sempre solteiro, pois foi sua vocação durante muitos anos.
O Freddy fez parte de uma empresa que criamos para poder trabalhar no HU e também um de seus filhos, o Thiago, no primeiro momento eram cinco os médicos, deixou de sê-lo, mas o nome continuou.
Lembro-me que fui seu paciente, foi em um episódio de doença pulmonar fui submetido a uma broncoscopia, tive suspeita de tumor cancerígeno, mas com toda a habilidade o Freddy o biopsiou e o diagnóstico veio, um tuberculoma calcificado, ou seja, tive uma tuberculose não sei quando, na adolescência, e ficou um nódulo envelhecido.
O Freddy quando chegou em Cascavel nos idos de 70 trabalhou com o Garcia como gastro e alguns anos depois especializou-se em cirurgia do tórax e geral. Algumas vezes tive a oportunidade de, em tom de brincadeira, perguntar se ele teve contato com um pó branco que é comum na Bolívia, mas ele muito esperto saiu-se com esta: “sim visitei várias vezes os salares de Uyuni nos Andes que é o maior deserto de sal do mundo com 11.000km²”, e recebi uma aula de geografia e turismo, de uma região que não conheço, mas aprendi a gostar graças as conversas com meu amigo Freddy.
Lembro-me que quando morei na Rua Mato Grosso era vizinho do Mario da Taberna, e muitas vezes encontrei-me com ele, nos fins de noite, ou nas manhãs de sábado com o grupo já citado, quando contei a história do Horicawa, e confidenciou-me “tenho uma mágoa de um colega médico” (agora também já falecido) que resolveu vingar-se de um comentário, armando uma trama, que quase provoca a abertura de um processo, mas como sou profissional, ético, honesto, e amigo foi logo reconhecido como tal e o outro colega desmascarado, da farsa e calúnias que queria manchá-lo. Provavelmente no mundo espiritual irá pedir perdão ao Freddy por tal vil acusação. Foi a única vez que o vi chateado com algum acontecimento.
Todos os anos em cinco de julho o cumprimentava pelo aniversário e quando o fiz há uma semana, falei com a Ivete, companheira inseparável que o estava levando para fazer exames e transmitiu meu recado, e logo depois foi internado despedindo-se de nós, deixando saudades de muitas histórias, protagonizadas pelo Menolli.
Seus filhos seguirão sua trilha deixando pessoas saudáveis e saudosos da maneira de ser.
Até um dia meu bom amigo.
Dr José de Jesus Lopes Viegas – CRM 5279 – Presidente Associação Médica de Cascavel.