Cascavel – Infelizmente, pessoas vivendo em situação de rua e pedindo algum tipo de ajuda nos semáforos tem sido uma cena comum do cotidiano de Cascavel, a “Capital do Oeste”. Outra constatação é que parte significativa desse público tem envolvimento com droga e álcool e, por causa disso, acabam se envolvem em situações de furtos e roubos para manter o vício. A dependência química traz consequências irreparáveis tanto para o usuário, quanto para sua família e toda a sociedade.
Também é possível constatar que nos últimos meses a quantidade de roubos, furtos e arrombamentos pela cidade aumento. Parte deste problema está ligado aos moradores de rua, que vão em busca de objetos para “trocar” por droga, segundo informações da Polícia Militar de Cascavel. Devido a isso, um novo tipo de crime está sendo investigado pelo setor de inteligência da PM: receptação de objetos furtados de forma direta pelo tráfico.
O capitão Diego Astori, comandante da 1ª Cia da PM, contou a reportagem do Jornal O Paraná que eles identificaram essa nova linha que é “direta” entre os assaltantes e receptadores. “Funciona como se fosse um mercado negro, porque furtam desde máquina de cortar árvores, motosserra e trocam direto por droga. Temos uma ampla investigação acerca desse tema, tentando relacionar também qual o grau do receptador com o tráfico de drogas”, revelou Astori.
Segundo Astori, o que os policiais percebem em muitos casos é que durante o dia essa população de rua acaba agindo na boa fé, pedindo esmola e alimentos. Porém, à noite, acabam cometendo crimes, principalmente furtos e arrombamentos, para manter o fornecimento de drogas. “Conversamos bastante e eles não querem internamento, não querem voltar para casa, querem ter essa liberdade, essa vida de dependência química”, lamentou.
Outro tipo de situação que aumentou segundo Astori, é a instalação de câmeras de segurança pelos comerciantes que flagram essas situações. Para tentar reduzir esse tipo de problema, a PM iniciou há cerca de quinze dias a Operação Saturação, com mais equipes no período noturno, que para Astori, já tem bons resultados.
“Em um único dia conseguimos identificar cerca de 40 pessoas envolvidas nesse tipo de crime”, falou. Por meio da operação, aumentou a quantidade de abordagens e os flagrantes são realizados mais rapidamente. “Temos mais agilidade para trabalhar e vamos continuar combatendo”, salientou.
Por isso, continua sendo de extrema importância que a população acione a PM telefone 190, já para denúncias investigativas é possível fazer contato pelo WhatsApp: (45) 9 9943-1234.
Internamento voluntário
Na busca de apontar uma solução para pessoa em situação de rua com problemas com drogas e álcool, uma nova ação foi iniciada há algumas semanas pela Prefeitura de Cascavel, através das secretarias de Assistência Social e a Especial de Cidadania, da Proteção à Mulher e Políticas Sobre Drogas: a “internação involuntária”.
Até agora, quatro homens foram internados em uma clínica de reabilitação, com um novo fluxo de atendimento municipal e integrado. Misael Junior, secretário Especial de Cidadania, da Proteção à Mulher e Políticas Sobre Drogas, explicou que ainda existem 12 vagas em aberto e que cada pessoa internada fica três meses de forma involuntária e depois mais um tempo dependendo da avaliação clínica. O internado fica durante um tempo sem contato com pessoas de fora.
O trabalho é feito com parceria com a Guarda Municipal e o Samu, que recolhe a pessoa e leva até a clínica. “Dois deles que estão internados têm família e inclusive foram comunicadas e assinaram o internamento, porque sabem que eles precisam disso”, relatou. Além desse trabalho também existe o internamento voluntário, que de 40 passou para 70 vagas em cinco clínicas credenciadas, fluxo que é realizado com parceria da Secretaria Municipal de Saúde.
Cidade da “esmola”
Atualmente existem pelo menos 400 pessoas que vivem nas ruas da cidade, um índice 30% maior do que em 2021. “Cascavel é conhecida no país inteiro como a melhor cidade para receber esmola e isso acaba atraindo muitas pessoas para cá”, disse o secretário de Assistência Social, Hudson Moreschi Júnior.
Ele confirmou que a maioria das pessoas que está na rua é usuário de álcool, no entanto, é importante separar esses públicos e oferecer atendimento. A secretaria tem uma série de ações desde internamento até ajuda para encaminhamento familiar e o mercado de trabalho. Quanto as esmolas, o secretário reforça o alerta que é muito importante “não dar esmola”, porque acaba mantendo as pessoas nas ruas.
Foto: Secom
