REINO UNIDO ? O chanceler britânico, Phillip Hammond, acusou a União Europeia (UE) de adotar uma postura muito agressiva para o Brexit antes mesmo de as negociações sobre a saída do Reino Unido do bloco terem efetivamente começado. Segundo o ministro das Relações Exteriores, a tensão aumenta porque Bruxelas pressiona o governo britânico a pagar 50 bilhões de libras antes que as conversas para definir um futuro acordo comercial possam ter início. O Reino Unido, no entanto, se refusava a pagar o valor, no dia em que a premier britânica, Theresa May, ativou o Artigo 50, que lançou oficialmente as negociações para a retirada da UE.Brexit
Se o governo britânico não pagar o valor demandado pela UE, aumentam as chances de que abandonará a UE sem acordos com os países-membros, o que poderia levar a profundos danos econômicos para o Reino Unido.
? Eu devo ser muito claro que nós simplesmente não reconhecemos os números muito altos que foram discutidos em Bruxelas ? disse Hammond a uma rádio britânica. ? Não estou surpreso. Isto é, afinal, uma negociação e não me surpreende nem um pouco que nossos parceiros de negociação estejam traçando uma linha de partida muito agressiva para a discussão.
No entanto, o chanceler disse que estavam muito otimista que um acordo abrangente seria alcançado. Ele contrariou as declarações do ministro para o Brexit, Boris Johnson, que afirmou que deixar a UE sem um acordo seria “perfeitamente OK”.
NEGOCIAÇÕES LANÇADAS
Em um passo histórico, o Reino Unido notificou oficialmente nesta quarta-feira os sócios europeus sobre a intenção de sair da União Europeia (UE), um processo que testará a resistência das instituições europeias e britânicas. Em Bruxelas, o embaixador britânico na UE, Tim Barrow, entregou ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a carta com a notificação oficial do Brexit. O texto assinado por May invoca o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que dá início ao histórico divórcio com o bloco europeu. Redigido curiosamente por um diplomata britânico, o artigo marcará o primeiro processo de saída de um Estado membro em 60 anos de História da UE. O texto diz: “Todo Estado membro poderá decidir, de acordo com suas normas constitucionais, retirar-se da União”.
Minutos depois da entrega da carta, May anunciou no Parlamento britânico o início da separação. A primeira reação da UE será uma declaração à imprensa do presidente do Conselho Europeu em Bruxelas.Antes de entregar o documento a Tusk, Barrow participou de uma reunião de embaixadores do bloco.
De acordo com uma fonte diplomática, ele abandonará os colegas sem participar de um almoço previsto.Ao final de dois anos de negociações, o bloco perderá um membro do Conselho de Segurança da ONU e potência nuclear, mas o Reino Unido pode ficar sem a Escócia e a Irlanda do Norte, caso o descontentamento dos países com o Brexit resulte em independência.Entenda o Brexit em um minutoAntes de assinar a carta, a primeira-ministra britânica telefonou na terça-feira para Tusk, para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e para a chanceler alemã, Angela Merkel.
“Concordaram que uma UE forte beneficiaria todos e que o Reino Unido continuará sendo um aliado próximo”, informou Downing Street. “Também concordaram sobre a importância de entrar nas negociações com um espírito construtivo e positivo, e sobre a necessidade de garantir um processo de saída tranquilo e organizado”, acrescentou a fonte. Info – dicionario brexit
Para tentar unir seu país, dividido desde o referendo de 23 de junho em que a maioria votou a favor do Brexit, May quer concentrar-se no futuro:
“O nosso voto no referendo já não deve mais nos definir, e, sim, a determinação de transformar esse resultado em um sucesso. Somos uma grande união de pessoas e de nações com uma história da qual podemos nos orgulhar e um futuro brilhante”. Info – linha do tempo brexit