Brasília – Pessoas que tiveram a Covid-19 e que sofrem com sequelas que ficaram depois de vencida a batalha contra o vírus, serão atendidas por meio de uma verba específica liberada ontem (16) pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Serão repassados R$ 160 milhões para reforço da assistência na Atenção Primária à Saúde como forma de enfrentamento à pandemia.
Segundo o Ministério da Saúde as manifestações persistentes ou novas após a infecção aguda pela doença são principalmente o cansaço, falta de ar aos esforços, tosse, dor torácica, perda de olfato e paladar, cefaleia, tontura, alterações de memória, ansiedade e depressão. A Atenção Primária será um ponto estruturante no cuidado de pessoas afetadas já que é a porta de entrada ao SUS.
Com o recurso, os gestores poderão contratar profissionais qualificados e reformar e criar ambientes para abrigar ações necessárias, como espaços para fisioterapia, por exemplo. Além disso, será possível adquirir materiais de consumo necessário, já que até 75% dos pacientes apresentam alguma manifestação após a doença.
Conforme o Ministério da Saúde, para o cálculo do repasse feito a cada município, foi elaborado um índice de prioridade: para classificação dos municípios em alto, médio e baixo. O índice leva em consideração quantitativo de equipes, índice de vulnerabilidade social, porte populacional e taxa de mortalidade por Covid-19.
Assim, os municípios de perfil alto tiveram seus valores de repasse multiplicados por três, do perfil médio multiplicados por dois e do perfil baixo multiplicados por um. Dessa forma, o Governo Federal busca destinar o recurso para as localidades com questões de grande vulnerabilidade e maior impacto da doença causada pelo coronavírus.
Cenário
As condições pós-Covid podem manifestar-se de diferentes maneiras e dependem da extensão e gravidade da infecção, dos órgãos afetados e dos cuidados tomados durante a fase aguda da doença. Dados já apresentados sobre o tema permitem estimar que muitos pacientes apresentam sintomas persistentes ou novos decorrentes da infecção, o que deverá acarretar um aumento na demanda por cuidados prolongados e posteriores à infecção aguda nos serviços de saúde, especialmente na APS.
Estudo publicado na revista científica The Lancet sobre a evolução tardia de pacientes que passaram por internação por Sars-Cov-2 demonstrou que, seis meses após a infecção aguda, 76% dos 1.733 pacientes avaliados apresentavam algum sintoma persistente. O cansaço e a fraqueza muscular foram os sintomas mais comuns, presentes em 63% dos casos, seguidos por dificuldade para dormir, ansiedade e depressão. Além disso, entre aqueles que desenvolveram casos graves da infecção, 56% desenvolveu algum tipo de alteração pulmonar significativa.
Já estudo publicado no Epidemiology Infection, que acompanhou 767 pacientes após internação por Sars-Cov-2, 51,4% desses ainda se queixavam de sintomas após cerca de 80 dias do quadro agudo, mais comumente fadiga e dispneia aos esforços, e 30,5% ainda apresentavam consequências psicológicas pós-traumáticas. Difusão pulmonar prejudicada foi encontrada em 19%.
Anvisa analisa
Também ontem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recebeu, em Brasília, pedido da Pfizer para uso emergencial do medicamento contra Covid-19 Paxlovid (nirmatrelvir +ritonavir). Segundo a farmacêutica, os estudos demonstram que, quando administrado no início da infecção, o Paxlovid, que é do tipo antiviral e de uso oral, tem a capacidade de reduzir os casos de hospitalização e mortes. Os dados serão analisados pela Anvisa.
“O prazo de avaliação para o uso emergencial e temporário de medicamento contra a Covid-19 é de até 30 dias. A análise não considera o tempo do processo em status de exigência técnica, que é quando o laboratório precisa responder questões técnicas feitas pela agência no processo”, explicou a Anvisa, em nota à imprensa.
As primeiras 24 horas de análise serão utilizadas para uma triagem do processo e verificar se os documentos necessários estão disponíveis. Se houver informações importantes faltando, a agência pode solicitá-las ao laboratório. No último dia 19 de janeiro, a Anvisa e o laboratório já haviam realizado reunião de pré-submissão do produto, etapa anterior ao envio formal do pedido pela empresa.
Beto Preto reúne secretários e reforça vacinação em massa
O secretário de saúde do Paraná, Beto Preto, esteve reunido nesta quarta-feira (16) com os secretários de Saúde do Estado, quando reforçou a importância da vacinação contra a Covid-19 e da participação efetiva dos municípios nessa campanha, durante a primeira reunião do ano da Comissão Intergestores Bipartite do Paraná. O secretário também apresentou a gestores da área da saúde de municípios e representantes de entidades os avanços alcançados na área e no atendimento aos paranaenses.
“Precisamos do apoio de todos para lutarmos contra as fakenews e convencermos o maior número de pessoas sobre a efetividade e segurança das vacinas, o que já é comprovado no mundo todo. Esse convencimento é importante principalmente neste momento em que estamos vacinando nossas crianças”, disse o secretário.