Educação

Professores da rede estadual veem no aumento salarial a chance de continuar se aprimorando

Governador Carlos Massa Ratinho Junior encaminhou para a Assembleia Legislativa projeto de lei que estipula em R$ 5.545 o novo piso salarial dos professores da rede pública. O reajuste médio, a partir de janeiro de 2022, é de 20%

Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior,com Secretario da Educação Renato Feder
Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior,com Secretario da Educação Renato Feder

O ciclo é virtuoso. Ao propor investir nos professores, com um aumento salarial que chega a 48,7% para os mais de 22,4 mil docentes que formam a base da ativa da categoria, o Governo do Estado busca melhorar a qualidade programática oferecida dentro das salas de aulas. O projeto de lei, encaminhado nesta segunda-feira (06) à Assembleia Legislativa pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, estipula que o piso salarial no Paraná passe de R$ 3.730 para R$ 5.545 por mês a partir de janeiro de 2022. O reajuste médio é de 20%, com investimento de R$ 674,4 milhões, bancado em parte com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

A história do professor de Física José Júlio Magno Corrêa, de 26 anos, ilustra bem o planejamento da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed) para o ensino público no Paraná. Ele saiu do Pará em 2018 atraído por um mestrado em Curitiba, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Sem bolsa de estudos, encontrou no Processo Seletivo Simplificado (PSS) a maneira de se manter na capital paranaense. Agora, com uma substancial valorização no horizonte, planeja seguir estudando, com o início de um doutorado como foco.

“Para um jovem como eu, em início de carreira, a proposta me permite planejar melhor a vida. Quero seguir com cursos de aprimoramento, dar um gás no mestrado para seguir para o doutorado. Nós, professores, nos sentimos valorizados”, afirmou ele, que trabalha com turmas do ensino médio do Colégio Estadual Angelo Trevisan, na Vista Alegre, em Curitiba. “Não tenho dúvidas de que isso vai se refletir dentro da sala de aula”.

Também PSS, Anne Caroline Pereira Arruda Rojas entrou na Rede Pública em 2021, após anos de ensino em escolas particulares da Capital. Queria mais tempo para se dedicar ao doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Agora, disse ela, com ainda mais tranquilidade.

“É um momento histórico. Um bom salário faz uma grande diferença, podemos nos preparar de forma cada vez mais científica”, destacou a pedagoga, que se divide entre o Colégio Estadual Cívico-Militar Ermelino de Leão e a Escola Maria Pereira Martins, ambos em Curitiba. “O que acontecia anteriormente é que os nossos vencimentos não acompanhavam o nosso desenvolvimento”.

Assim como o colega, ela também será contemplada com a maior margem de incremento no salário.

QPM – Há 30 anos no Estado, a professora de língua portuguesa do Colégio Estadual Papa João Paulo I, Jaqueline Bensi, conhece bem as mudanças pelo qual o sistema de ensino paranaense vem passando. Medidas que resultaram no salto do 7º para o 3º lugar no ranking nacional segundo levantamento mais recente do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

“A mudança é drástica, uma transformação, especialmente no que diz respeito ao uso da tecnologia dentro da sala de aula. Para isso precisamos nos aperfeiçoar, continuar estudando. E para estudar, precisamos investir. Então esse aumento vem para respaldar tudo isso”, disse ela, cujo incremento nos vencimentos dentro da tabela de progressão da Seed está estimado em 10%.

“Era um anúncio muito esperado, principalmente depois desse período pandêmico. Nos permite retomar sonhos e buscar novos conhecimentos para trabalhar com mais qualidade para os alunos”, acrescentou a professora de língua portuguesa Simone Faria, que leciona no Colégio Estadual Leôncio Correia e na Escola Estadual Gelvira Correa Pacheco, de Curitiba.

MAIS ATRAENTE – Durante o anúncio da proposta, nesta segunda-feira (06) no Palácio Iguaçu, Ratinho Junior lembrou que uma das justificativas do projeto é exatamente tonar o início da carreira no magistério público ainda mais atraente, equiparando os vencimentos base dos trabalhadores temporários, do Processo Seletivo Simplificado (PSS), ao do Quadro Próprio do Magistério (QPM), atendendo a uma demanda histórica da categoria. “Com melhores salários fica mais fácil atrair bons professores para o nosso quadro de trabalho”, afirmou o governador.

PDE – Aliado ao reajuste, o Governo do Paraná também vai reformular o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), que promove a formação continuada de professores da rede estadual de ensino. O Projeto de Lei alterando a legislação foi encaminhado à Assembleia Legislativa e inclui mudanças no formato e no edital. As alterações vão permitir a abertura de 2 mil vagas de formação continuada no próximo ano. É a primeira vez, desde 2016, que o programa abre vagas para os professores da rede estadual.

Hoje, 30 mil professores do Quadro Próprio do Magistério (QPM), das classes 8 a 11, estão aptos a cursar o PDE. A partir dessa formação, eles têm a possibilidade de avançar na carreira. Para atender a demanda, o texto enviado aos deputados estaduais propõe a realização do programa a distância, um formato que não exige afastamento do trabalho, e ainda com carga horária reduzida, mas mantendo a duração de dois anos.

“Ainda tem a antecipação do 13º salário e o reajuste de 3%, que também vai impactar a nossa base de professores. Desde 2019 temos uma proposta de mudar a educação pública. No Paraná, educação pública é outra história: inserimos tecnologia, melhoramos a infraestrutura, atualizamos a parte pedagógica e agora temos o reconhecimento financeiro dos profissionais”, arrematou o secretário de Educação e Esporte, Renato Feder.

(AEN)