O cafezinho de todo dia pode ficar ainda mais salgado em breve. A baixa oferta do produto no mercado interno poderá forçar um novo aumento no preço nas gôndolas dos supermercados e cafeterias.
O efeito disso são lavouras cada vez menores cultivadas com o grão. No Paraná, de um expoente produtor, o cultivo se resumiu no atual ciclo a 46 mil hectares com a estimativa de produção de 73,8 mil toneladas.
Segundo o gerente de supermercado em Cascavel, Dário Zimmermann, o preço vem se alterando desde o ano passado. “Um café de boa qualidade que antes podia ser encontrado por R$ 8 [por meio quilo], agora custa R$ 11 ou mais, um aumento de mais de 25%”, reforça.
Vale lembrar que dos alimentos consumidos diariamente na mesa dos brasileiros, este foi o único a não sofrer queda na cotação no último ano. “O café aumentou e não baixou mais e, este reajuste, ocorre uma vez por ano, geralmente no inverno por conta do aumento no consumo e a baixa na produção”, acrescenta.
A nova disparada no preço pré-anunciada poderá elevar este mesmo café para mais de R$ 12 por meio quilo.
Juliet Manfrin
A produção e os preços
Tudo isso porque o estoque privado da safra 2016 atingiu 9,86 milhões de sacas, volume 27,4% inferior ao contabilizado no levantamento do final da safra 2015, de 13,59 milhões de sacas. Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Parta o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café, Nathan Herszkowicz, os números são preocupantes. Segundo ele, o estoque somado à safra do ano deverá garantir um abastecimento apertado dos mercados interno e externo. “Não significa falta de café, que é um fenômeno raro, mas pode significar um mercado onde a oferta seja curta”, avaliou. Segundo a Conab, o tipo arábica corresponde a 90% do total do estoque privado de café da safra 2016, com 8,87 milhões de sacas. O café conilon representa apenas 10% do total, com 994,8 mil sacas. A Região Sudeste do Brasil, líder na produção nacional, é responsável por 90,7% do estoque total brasileiro na safra 2016. O Paraná, que já se consagrou como um dos maiores produtores nacionais, neste ano deverá responder por pouco mais de um milhão de sacas, menos de 10% da produção nacional.