Pode até parecer piada, mas a Petrobras anunciou ontem o terceiro aumento na gasolina em menos de uma semana. A nova elevação nos preços do combustível em suas refinarias acumula alta de mais de 10% em poucos dias de setembro. Somente neste último anúncio, o reajuste será de 3,3%.
Isso quer dizer que em Cascavel o litro da gasolina comum poderá ser encontrado, a partir de hoje, por R$ 4,36, o maior valor do ano aplicado ao consumidor. Até a tarde de ontem, o preço do produto variava entre R$ 4,15 e R$ 4,23. A conta fica ainda mais pesada quando se faz uma multiplicação simples. Considerando um tanque de combustível de 60 litros, o motorista vai gastar agora mais de R$ 260 para enchê-lo.
Os constantes aumentos têm irritado os consumidores. “Não dá mais para pagar um valor desses. A gente vai ter que andar a pé ou de bicicleta, porque assim fica bem difícil. É só aumento”, diz o aposentado Arlindo Alves.
RELEMBRANDO
Quem tira um tempinho para pesquisar, consegue, com muito esforço, economizar ao menos alguns centavos. O preço mais baixo do litro da gasolina encontrado em Cascavel até a semana passada era de R$ 3,74, uma diferença de R$ 0,25 em relação ao maior valor. Comparados os menores e maiores valores praticados há um ano, o produto teve um acréscimo de 11,4%, ou R$ 0,41. Isso porque em agosto de 2016 o consumidor conseguia encontrar o produto por R$ 3,58 o litro. Naquela época, o preço médio divulgado pela ANP era de R$ 3,73.
Justificativa
Segundo o diretor do Sindicombustíveis (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, derivados de Petróleo, Gás Natural, Biocombustíveis e Lojas de Conveniência do Estado) em Cascavel, Roberto Pellizzetti, o aumento na gasolina ocorre após o furacão Harvey fechar refinarias dos Estados Unidos e levar a uma disparada nos preços de referência. Além disso, a estatal afirma que o reajuste de hoje foi decidido pelo Gemp (Grupo Executivo de Mercado e Preços), que é convocado quando há a necessidade de subir os combustíveis em mais de 7% para cima ou para baixo em um único mês.
Sequência desastrosa ao bolso
Por meio de nota, o Sindicombustíveis-PR se diz contrário a esta sequência de aumentos promovidos pela Petrobras, que penaliza consumidores, donos de postos e sociedade em geral. O novo aumento é ainda mais grave pela sequência de altas seguidas e por ocorrer quase que em conjunto à recente alta no PIS, Cofins e ICMS.
“Relembramos ainda um ponto importante: os postos compram os combustíveis das empresas distribuidoras, e não diretamente das refinarias. Deste modo, é importante reforçar que altas e baixas nas bombas dependem inicialmente do repasse das companhias de distribuição”, afirma.
Com a variação mais frequente de preços, tem se agravado uma situação sobre a qual o Sindicombustíveis-PR já fez alerta. Em geral, as tendências de baixa são repassadas pelas distribuidoras aos postos de forma lenta, em menor
escala ou simplesmente não são repassadas. “Por outro lado, quando o viés é de alta, os acréscimos são rapidamente aplicados pelas empresas de distribuição e repassados aos postos. Vale salientar ainda que, diante do cenário recessivo, a maioria dos postos tem trabalhado com estoques baixos e abastecimento diário”, explica o sindicato.
E não para por aí
Quem achou que o único reajuste seria o da gasolina se enganou. O que também vai subir é o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o gás de cozinha de 13 quilos, que a partir de hoje está 6,9% mais caro. Conforme a ANP, o aumento é programado todos os meses.
Em Cascavel, o produto, que até o fim de agosto tinha um preço médio de R$ 70,72, passa a custar R$ 75,50. Analisando o maior valor encontrado pela Agência no município, de R$ 78, o GLP salta para R$ 83,30.