Catanduvas – Parte dos cerca de 160 presos que estão no presídio de segurança máxima em Catanduvas iniciou ontem greve de fome. A reivindicação dos detentos é pelo retorno às visitas íntimas, cortadas desde o fim de maio passado, e o longo período de permanência de alguns detentos no sistema federal. Segundo familiares de presos, muitos não precisariam permanecer por tanto tempo na estrutura federal e já poderiam ter voltado para seus estados de origem.
Familiares denunciam que, ao contrário do determinado pelo Ministério da Justiça para permanência de um preso por até dois anos em uma mesma unidade, há casos em que o período de permanência se estende indiscriminadamente. “Tenho um familiar preso em Catanduvas há quase cinco anos (…) além disso, sem as visitas íntimas, eles ficam muito revoltados, estressados. É um direito que eles têm”, disse a parente de um detento, que pediu para não ser identificada.
Segundo a presidente do Instituto Anjos da Liberdade com sede no Rio de Janeiro, doutora Flávia Fróes, nem todos os presos aderiram à greve, mas a informação que se tinha ontem é de que em Catanduvas parte deles recusou a alimentação.
Segundo ela, a expectativa é de que a greve dure pouco tempo, pois o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) deverá cumprir, a partir da próxima semana, a decisão judicial que reestabelece as visitas íntimas. “Nos locais em que os advogados puderam falar com os presos não houve adesão à greve de fome, mas acreditamos que até amanhã [hoje] eles tenham a informação de que a medida será cumprida e saiam da greve”, afirmou a advogada. “Somos contra essa forma de protesto. Há um grupo de advogados que espera que isso cesse, são coisas que devemos conseguir com medidas judiciais e vamos buscar a Justiça para que as visitas sejam reestabelecidas. Sabemos que greve de fome não vai resolver o problema. A opinião pública quer que eles morram [os presos] e fazendo greve de fome eles só vão facilitar isso. Não é uma atitude inteligente e sana, estamos lutando pelos direitos deles dentro da legalidade, então que aguardem um pouco mais”, reforça Flávia.