Cotidiano

Um campo de poucos

Filho de imigrantes poloneses, Antonio Leopoldo Iurczack, de 50 anos, tem no agronegócio sua existência. Na Linha de Salto Portão, em Cascavel, o agricultor trabalha para manter a tradição da família, incrementados com os estudos concluídos há algumas décadas e que o fizeram se afastar e voltar.

“Meus pais sempre trabalharam na lavoura, então me criei no sítio. Nascemos envolvidos com a agricultura e não saberia o que fazer se não fosse isso”, afirma.

Longe da terra, Iurczack nunca viu sinal de progresso e desde a juventude toma conta de 30 alqueires. Tudo que sai dali retorna para ele e os dois irmãos. “Muito do que faturo na agricultura invisto em tecnologia. Com o que comprei nos últimos tempos, estou tranquilo para os próximos cinco anos”, relata o produtor.

Como era a agricultura na década de 1930

O inverso

Enquanto Antonio permaneceu firme e confiante na lavoura, outras centenas de pessoas decidiram pelo inverso. Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 1970 a 2010 – último Censo Demográfico do Instituto -, o êxodo atingiu 70% da população cascavelense que vivia no campo. Na década de 70, o Município possuía 89,9 mil habitantes, dos quais 54.971 moravam na zona rural e outros 34,9 mil na urbana. Naquela época, quase 20 anos após a emancipação do Município, a agricultura era um dos únicos setores que movimentavam a economia. Hoje, apenas 6% da população (cerca de 18,6 mil) toma conta de uma das principais riquezas de Cascavel.

Segundo a Secretaria de Agricultura de Cascavel, trocar o campo pela cidade é uma saída encontrada especialmente pelos pequenos produtores, que, por ter uma renda bem menor do que os demais, buscam em outras atividades e setores melhorar de vida.

Para evitar esse movimento, o Município capacita produtores com incentivo à diversificação da produção, além de dar assistência técnica que confere mais qualidade aos produtos e, consequentemente, aumenta a renda das famílias.

Compare os números

Segundo o IBGE, o êxodo rural começou a ser percebido em Cascavel em 1980, quando a população urbana chegou a 123.656 e a rural caiu para 39.814. Daí pra frente houve uma intensa movimentação nesse sentido. Em 1991, o pior resultado da história: apenas 15,2 mil produtores rurais permaneciam no campo. Enquanto isso, na cidade já eram mais de 177 mil cascavelenses.

Em 2000 houve uma pequena recuperação. Dos 245 mil habitantes, 16.696 estava no campo. Em 2010, a população rural respondia por quase 6% dos cascavelenses. A urbana, no entanto, chegava a 270.049 pessoas. Neste ano, o IBGE realiza o Censo Agropecuário, e trará, ainda sem data definida, dados atualizados da população rural de todo o Paraná.

Filhos devem definir rumos

A Secretaria de Agricultura de Cascavel acredita que os novos dados tragam resultados interessantes e indiquem a redução do êxodo rural. Quem deve fortalecer o campo são os filhos dos agricultores que estão em busca de qualificação na cidade e sempre atentos aos avanços tecnológicos. Tudo isso deve ser usado para dar continuidade ao trabalho dos pais e das gerações anteriores na lavoura. Desta forma, há uma sucessão familiar e a garantia de permanência dessas pessoas no campo.