Cascavel – Com um quadro de agentes penitenciários 47% menor do que o necessário e sem os inúmeros dispositivos de segurança necessários para garantir a tranquilidade dentro da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), a constatação é de que a segunda rebelião em pouco mais de três anos dentro da unidade prisional poderia ter sido evitada, segundo o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná).
De acordo com a presidente do sindicato, Petruska Niclevisk Sviercoski, no momento em que os presos fizeram a pirâmide humana e escalaram a muralha do solário, apenas um servidor ocupava o posto de três pessoas. “Esse agente e um dos presos – não sabemos se da unidade ou da PIC [Penitenciária Industrial de Cascavel] – faziam reparos na PEC quando outros detentos o renderam. Porém, entre a muralha e o acesso ao solário existe uma cerca elétrica, que, além de choque dispara um alarme para alertar os demais trabalhadores, só que não estava funcionando”.
Conforme a presidente, justamente a cerca que não estava ativada foi o único dispositivo de segurança implantado pelo governo do Estado na unidade após a rebelião de 2014. “Quando a reforma foi entregue só haviam consertado as paredes e o telhado. Nenhuma automação ou outros itens de segurança foram implantados. O que hoje existe, o pouco que há, existe graças ao empenho dos agentes que se reuniram e pediram ajuda da população”.
Petruska disse que a tendência é de que, sempre que há uma rebelião, outros agentes peçam afastamento para tratamento de saúde. “Quem está fazendo a guarda dos presos é a Polícia Militar e os agentes do SOE [Setor de Operações Especiais]. Lá dentro os agentes não entram até que a segurança deles seja garantida”.
Sobre a questão estrutural, a presidente comentou que os detentos estão nos solários e que não há cubículo inteiro. “Não tenho conhecimento técnico para saber se a PEC está mais destruída agora do que na rebelião de 2014, mas certamente não há estrutura para abrigar os presos e também para garantir a segurança dos que lá trabalham”.
Agentes cogitam greve
A presidente do Sindarspen, Petruska Niclevisk Sviercoski, concedeu coletiva à imprensa ontem e disse que, pela manhã, esteve reunida com os agentes que estão na PEC para conferir a situação local. Segundo ela, alguns requisitos serão repassados ao Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) para que os servidores permaneçam no local e adianta que uma possível paralisação não está descartada. “Sabemos da necessidade de agentes na unidade prisional, mas também temos conhecimento de que não há segurança. Eles precisam de respaldo, vamos conversar com o governador [Beto Richa] justamente para que eles tenham isso e para que não decidam paralisar as atividades ou mesmo entrar em greve por tempo indeterminado”.