Em geral o triângulo amoroso se configura da seguinte maneira: um casal vive em uma união estável e um dos cônjuges passa a ter uma relação permanente fora do casamento. Comumente, esta terceira pessoa sabe que a pessoa com quem mantém um relacionamento está casada. A terceira ponta do triângulo se sujeita a essa condição alimentada pela expectativa de que a outra pessoa se divorcie e estabeleça uma união estável com ela. Isso, porém, é algo que em geral não acontece e se estende por anos sem solução. Em alguns casos, o cônjuge traído toma conhecimento da relação triangular e, por vezes, chega até mesmo a tolerá-la.
Vamos dividir a análise dessa questão em duas reflexões. Na primeira, examinaremos o motivo que costuma levar alguém a um triângulo amoroso. Na segunda, trataremos da questão dos ciúmes envolvidos nessa situação.
Bert Hellinger observou por meio das Constelações Familiares que existe um padrão que mostra a situação mais frequente. Segundo ele, os triângulos amorosos acontecem, na maior parte das vezes, quando um dos cônjuges trata o outro como filho ou filha. Já falamos anteriormente dessa modalidade de relação conjugal: um dos cônjuges supõe que sabe o que é melhor para o outro cônjuge e se comporta em relação a ele como se fosse seu pai ou sua mãe: orienta, educa, aconselha, repreende, castiga, premia etc.
O padrão que as Constelações Familiares têm mostrado é que a pessoa tratada dessa maneira não suporta a desigualdade da relação e procura um amante. Com o amante, essa pessoa reequilibra a relação, porque o amante se coloca na relação em pé de igualdade. A descoberta de Hellinger a partir das Constelações Familiares revela, pois, que o próprio cônjuge leva seu parceiro ou parceira a estabelecer um triângulo amoroso. Mas o faz inconscientemente e no mais puro amor, é verdade!
O que leva uma esposa ou um marido a consentir com um triângulo amoroso? No entendimento de Hellinger, “em geral, a esposa que consente no triângulo amoroso é a filhinha do papai. Se estivesse em busca de uma solução, abandonaria a esfera de influência do pai e voltaria para a da mãe. O marido que vive um triângulo amoroso é muitas vezes o filhinho da mamãe, e a solução, para ele, consiste em voltar à esfera do pai”.
Quando existe um triângulo amoroso, a parte supostamente inocente se comporta como se tivesse adquirido o direito de posse em caráter permanente sobre o cônjuge. O modo típico de reagir da pessoa “inocente” quando descobre o triângulo é a difamação tanto do cônjuge quanto do amante. A perseguição, em vez de recuperar o cônjuge, faz perdê-lo de vez.
Obviamente, a pessoa “inocente” não deve consentir com o triângulo! Cabe a ela decidir se, apesar de tudo, ainda quer o cônjuge como parceiro. Se for essa a decisão, o caminho deve ser pelo amor, não pela perseguição. As Constelações Familiares têm mostrado que a alma normalmente só consegue suportar um triângulo amoroso sob uma dor profunda, em geral inconsciente. A alma reage através do corpo, frequentemente com doenças, na maior parte das vezes da área urogenital.
Por isso, o triângulo é inaceitável para as três partes nele envolvido.
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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar.
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