Foz do Iguaçu – Filas de espera; atendimentos de especialidades médicas; urgência e emergência e panorama da rede pública de atendimento da área da saúde em Foz do Iguaçu. Esse foi o eixo norteador do debate sobre a proposta da limitação do tempo máximo de espera para atendimento na rede pública de saúde em Foz, proposto pelo Projeto de Lei 131/2017, de autoria do vereador João Miranda, e em trâmite na Comissão de Legislação da Casa, órgão que solicitou a realização de audiência para ouvir quem está na ponta do atendimento.
“É necessário e urgente que o Poder Público comece a realizar seu atendimento em prazo razoável. A Constituição ampara o usuário do SUS, ela é bem clara com relação a que todo o usuário que utiliza o sistema único precisa ser bem atendido. Podemos modificar o projeto, fazer emendas para que o projeto se concretize. Peço que a Secretaria de Saúde olhe com carinho para a proposta para fazer com que a população seja bem atendida”, justifica o autor da iniciativa.
Segundo o assessor técnico especial da Secretaria de Saúde, Romildo Ferreira, os retornos de atendimento médico são quase maiores do que as consultas. “Dermatologia e reumatologia são nossos gargalos. A cardiologia apresenta necessidade de 1.600 consultas por mês e isso está sendo equacionado. A parte de urologia está atendida, temos cerca de 700 atendimentos ofertados. Em neurologia, hoje, ainda temos um déficit de 250 consultas. Na área de ortopedia o déficit é de 1.040 consultas. Precisamos fortalecer a rede, isso é uma opinião minha, técnico há mais de 20 anos”, disse. Para Romildo, os prazos estabelecidos pelo projeto são inexequíveis.
A audiência foi aberta pelo Presidente da Casa, Rogério Quadros (PTB), conduzida pelo Vereador Elizeu Liberato, Presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação e contou com a presença dos parlamentares: Nanci R. Andreola (PDT), Rosane Bonho (PP), Jeferson Brayner (PRB), Celino Fertrin (PDT), Marcio Rosa (PSD), Kako (Pode).
Impactos na saúde
“Temos de verificar o impacto do trânsito na saúde, porque hoje 70% do nosso atendimento na área da saúde é trauma. É uma discussão clara o impacto do trânsito na saúde. E esse paciente tem um tempo de internamento bem grande”, destacou Sérgio Fabriz, diretor-presidente da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu (Hospital Padre Germano Lauck).
Diretor de hospital faz desabafo
Durante a audiência, o diretor da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, Sérgio Fabriz, fez um desabafo: “Se a gente pegar os leitos gerais no SUS, temos apenas 1,2% para cada mil habitantes em Foz. Temos uma situação que não podemos ser uma ilha do Sistema Único de Saúde e Foz às vezes parece isso. Hoje o Hospital Municipal opera com 30 leitos de UTI. Final de semana foi o caos e para quem sobrou a responsabilidade de abrir leitos? O Hospital Municipal tem credenciado apenas dez leitos de UTI no SUS. A partir do momento que há credenciamento na União, quem paga essa conta é o SUS, o Ministério da Saúde que deveria fazer sua parte não coloca dinheiro na saúde de Foz do Iguaçu. Temos atendimentos de trauma 100% encaminhado ao Hospital Municipal, o Siate leva todo o mundo para lá e não somos credenciados, isso impacta em perda de recursos do hospital. Todos sabem da PEC da Saúde e Educação que congela os gastos por 20 anos. O Sistema não nos conhece como capacitados para fazer o atendimento da neurocirurgia. O próprio sistema de urgência e emergência é complicado. Foz já está contribuindo com 31% de seu orçamento para área de saúde, então precisamos de apoio do governo federal”.